Uma jovem da Zona Norte do Rio que estuda em uma universidade na Espanha, Lethicia Amâncio de Almeida, 22 anos, teve dois voos cancelados para voltar ao Brasil. Em meio à pandemia da Covid-19, ela conseguiu embarcar para São Paulo nesta sexta, mas a volta pro Rio ainda está indefinida.
“Chegando lá [no Brasil] que eu não sei o que fazer ainda”, disse Lethicia. Ela contou o que passou na Espanha, e as dificuldades que enfrentou durante o período de isolamento.
“Eu passei cerca de 14 dias trancada em um apartamento sozinha”, relatou ela, sobre o isolamento no país europeu. A estudante acrescenta ainda que não encontra máscaras ou álcool em gel para comprar na Espanha há mais de um mês,
Lethicia, que mora em Acari, na Zona Norte do Rio, estuda jornalismo pela PUC-Rio e conseguiu uma bolsa de estudos na universidade de Vigo.
Porém, com as medidas de isolamento no país, que já teve mais de 4 mil mortes registradas pelo novo coronavírus, ela comprou uma passagem para esta sexta-feira (27). A perda de valor da bolsa de estudos, segundo ela, foi decisiva para querer voltar.
“O que me fez voltar foi isso, ter aula à distância, ficar sozinha em uma pandemia e principalmente o valor do euro. A moeda só sobe a cada dia que passa”, contou.
Os voos dela, no entanto, foram cancelados. Ela contou sobre as tentativas de falar com a empresa Latam.
“As fronteiras da Espanha estão instáveis, a qualquer momento eu posso ficar presa aqui, sou brasileira e só quero voltar ao meu país. Me digam o que fazer”, pediu ela, via Twitter.
Durante a sexta-feira, Lethicia foi por conta própria até Madrid e conseguiu marcar um voo que chegaria neste sábado em São Paulo.
Em nota, a LATAM, que acabou conseguindo um voo para a estudante, afirmou que a crise de saúde global causada pelo novo coronavírus (COVID-19), “além das restrições e fechamento de fronteiras em alguns países, têm causado transtornos a todos”. A empresa também diz que “tem trabalhado fortemente para repatriar seus clientes e está em contato constante com as autoridades locais para poder viabilizar voos”.
Corrida para mercados
A situação na Espanha, segundo Lethicia, piorou muito depois do dia 14 de março. Ela contou que, de repente, se viu obrigada a correr para supermercados para comprar mantimentos antes de cumprir quarentena.
“A única coisa que me fazia ter contato humano eram videochamadas com a minha família e todos os dias, pontualmente às 20h, quando os vizinhos iam pra janela aplaudir os funcionários do serviço público. Eles também colocavam música e dançavam”, contou.
Lethicia relatou os cuidados com a saúde desde o início da pandemia. “Não tive nenhum sintoma. Estou tomando vitamina c e me alimentando bem desde que isso tudo começou. Só saio pra rua com luvas e mantenho distância das pessoas”, finalizou.
G1
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