Impedido de viajar para a África, onde participaria de uma reunião da União Africana sobre erradicação da Fome na África até 2025, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou, pelas redes sociais, vídeo que encaminhou aos participantes do encontro, acusando “parcela do Poder Judiciário”, de ter implantado no país o que chamou de “ditadura” da Lava Jato.
Depois de citar que foi impedido de deixar o país por conta do juiz de primeira instância de Brasília, Lula afirmou que, “eles não querem que eu seja candidato porque, quanto mais eles me denunciam, quanto mais me perseguem, mais eu cresço nas pesquisas de opinião pública” e que, sendo candidato, “tem chance total” de vencer em primeiro turno. Lula disse estar certo que “vai vencer esta parada aqui”, que vai ter de volta seu passaporte e desabafou: “eles estão preocupados porque eles sabem que eu vou voltar e vou fazer mais e melhor”.
Na última quarta-feira (24), o ex-presidente foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e teve a sua pena ampliada de nove para 12 anos de prisão, no processo que trata do tríplex do Guarujá, em São Paulo. Lula não cita expressamente o nome do juiz Sérgio Moro que o condenou em primeira instância e nem dos três desembargadores que confirmaram a condenação, em segunda instância. Mas fala em parcela do Poder Judiciário. “Nós estamos vivendo um momento de uma ditadura de uma parcela do Poder Judiciário, sobretudo o Poder Judiciário que cuida de uma coisa que chama Operação Lava Jato, que vocês já devem ter ouvido aí na África”.
Segundo Lula, “o que eles estão perseguindo foi o jeito que eu governei o País” e “estamos sendo condenados pelas coisas boas que aconteceram no Brasil”. Para o ex-presidente, “o grande objetivo de tudo que está acontecendo hoje no Brasil”, é “tentar impedir minha volta para disputar uma eleição à Presidência”.
Lula voltou a usar o discurso de que houve um “golpe parlamentar” no país. “Um golpe que fez impeachment da presidenta Dilma, jogando culpa de todos os problemas em cima do PT e da presidenta, prometendo o céu” e “eles, na verdade, estão construindo clima de terror aqui no Brasil”.
O ex-presidente estava com passagem comprada para embarcar para Adis Adeba, na Etiópia, quando discursaria defendendo o legado do seu governo, mas recebeu ordem de entregar seu passaporte dada pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, que atendeu a um pedido do Ministério Público. A retirada do passaporte não está ligada ao caso do triplex do Guarujá, mas a outro processo, que trata de um suposto pagamento de propina ao ex-presidente, durante as negociações para a compra dos caças suecos pelo Brasil. A defesa do ex-presidente já ingressou na Justiça com pedido de habeas corpus para receber de volta seu passaporte.
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