O embate público que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, travam há semanas sobre como enfrentar a crise do coronavírus tem um claro favorito entre a população brasileira. É o que indica a mais recente pesquisa do Atlas Político, divulgada no momento em que, mais uma vez, a pasta de Mandetta enfrenta tensão com a queda em falso de um secretário estratégico e os crescentes rumores de que ele poderá deixar o cargo em breve. Feito entre domingo e terça-feira, o levantamento, que contou com 2.000 pessoas recrutadas na Internet e tem margem de erro de 2 pontos para mais ou menos, aponta que 76,2% dos brasileiros é contra uma eventual demissão do ministro, cuja defesa do isolamento social conflita com as declarações ―e atitudes― de Bolsonaro, que desde o início da crise demonstra mais preocupação com as consequências econômicas do congelamento das atividades comerciais.
A alta popularidade de Mandetta durante a crise do coronavírus já havia sido aferida por pesquisas feitas em março, entre elas uma do próprio Atlas Político, o que indica que pouco parece ter mudado na opinião dos brasileiros sobre o desempenho do ministro da Saúde. A pesquisa divulgada nesta quarta-feira mostra que 72,2% dos entrevistados concordam com as medidas de contenção da Covid-19 ―entre elas a suspensão de aulas, o fechamento de lojas e a limitação para a circulação de pessoas.
O que mudou, de acordo com esse levantamento, é a forma como os brasileiros enxergam o presidente. Há uma queda progressiva na aprovação de Bolsonaro, que tem desafiado as autoridades de saúde do país e do mundo ao circular por Brasília nos fins de semana, reunir pequenas multidões ao seu redor e comer dentro de estabelecimentos que estão autorizados apenas a vender ou entregar comida em domicílio. O Governo Bolsonaro é avaliado como ruim ou péssimo por 43% dos entrevistados. Em 20 de fevereiro, o percentual negativo era de 38%. Por outro lado, hoje apenas 23% consideram a gestão do presidente ótima ou boa, seis pontos a menos do que os 29% registrado em 20 de fevereiro. Além disso, o desempenho pessoal de Bolsonaro é aprovado apenas por 37,6% dos pesquisados, contra 58,2% que desaprovam ―4,2% não souberam responder.
Medo e desemprego
Outras perguntas da pesquisa do Atlas ajudam a entender a balança popular favorável a Mandetta. Questionados sobre se têm medo de pegar o coronavírus, 41,9% dos consultados responderam que sim, e que, inclusive, temem por suas vidas. Outros 31% também responderam que sim, mas que temem apenas ficar doentes. Apenas 27,1% disseram não ter medo. Apenas 13,8%, contudo, não estão com medo de perder algum parente da família para a Covid-19, enquanto 86,2% admitem esse receio.
Os números mostram também que a preocupação manifestada por Bolsonaro em relação ao desemprego tem por onde reverberar entre os brasileiros. Apenas 36,1% dizem que sua renda não foi impactada de forma alguma pela crise do coronavírus. Metade dos entrevistados (51,6%) dizem que sua renda mensal diminuiu, enquanto 12,3% dizem ter ficado desempregados.
Ministros
A pesquisa divulgada nesta quarta-feira mostra ainda que Mandetta não teve apenas uma melhora na sua imagem enquanto ministro, como se tornou o membro do Governo mais bem avaliado: 64% dos entrevistados têm uma visão positiva dele, e apenas 17% o avaliam negativamente. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, aparece em segundo lugar, com 53% de positivo, mas 37% de negativo. De acordo com os trakings diários do Atlas Político, esses sã os dois ministros que não perderam popularidade nos últimos dias. Como mostra o quadro abaixo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, aparece com o terceiro mais bem avaliado, com 40% de positivo e 41% de negativo, logo à frente do próprio presidente Bolsonaro.
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