Em meio às incertezas domésticas e internacionais sobre a evolução da pandemia de covid-19, o dólar comercial subiu pelo quarto dia seguido e fechou no maior valor em dez dias. A moeda encerrou esta quinta-feira (16) vendida a R$ 5,256, com alta de R$ 0,014 (+0,27%). Esse foi o maior valor registrado desde 6 de abril, quando a cotação tinha fechado em R$ 5,292.
A cotação operou em alta durante toda a sessão. Na máxima do dia, por volta das 16h, a moeda encostou em R$ 5,27. A divisa acumula alta de 30,99% em 2020.
O Banco Central (BC) interveio no mercado. Como nos últimos dias, a autoridade monetária rolou US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. O BC também leiloou novos contratos de swap. Embora tenham sido oferecidos US$ 1 bilhão, o valor efetivamente vendido não foi divulgado no site.
Bolsa de valores
As tensões no mercado de câmbio refletiram-se na bolsa de valores. Pelo segundo dia seguido, o índice Ibovespa, da B3 (bolsa de valores brasileira), caiu e fechou o dia em 77.812 pontos, com queda de 1,29%. O indicador descolou-se das bolsas internacionais. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, encerrou esta quinta com pequena alta de 0,14%.
Há várias semanas, mercados financeiros em todo o planeta atravessam um período de nervosismo por causa da recessão global provocada pelo agravamento da pandemia do novo coronavírus. As interrupções na atividade econômica associadas à restrição de atividades sociais travam a produção e o consumo, provocando instabilidades.
Na terça-feira (14), o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou que a economia global terá queda de 3% em 2020. Para o Brasil, os prognósticos são piores, com o organismo internacional projetando retração de 5,3% no Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos no país).
No entanto, a perspectiva de que vários países europeus afrouxem as medidas de quarentena após a desaceleração no número de casos novos de covid-19 trouxe alívio para parte dos mercados globais. As bolsas de Londres e de Frankfurt fecharam em alta. Nos Estados Unidos, a divulgação de que 5,2 milhões de trabalhadores pediram seguro-desemprego na semana passada continua alta, mas o número não destoou das expectativas do mercado.
Petróleo
As dúvidas sobre o acordo entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) continuam a pressionar os mercados. No domingo (12), os países do grupo fecharam um acordo para reduzir a produção global em 10 milhões de barris por dia em maio e junho. No entanto, a preocupação com a queda mundial da demanda provocada pela pandemia e a resistência de empresas e de governos a aderir ao acordo influenciam as cotações internacionais do barril.
Por volta das 18h30, o Brent era vendido a US$ 28,36, com alta de 2,42%, depois de cair mais de 6% ontem. O alívio, no entanto, não se estendeu às ações da Petrobras, as mais negociadas na bolsa. Os papéis ordinários (com direito a voto em assembleia de acionistas) desvalorizaram-se 2,95% nesta quinta. Os papéis preferenciais (com preferência na distribuição de dividendos) tiveram queda de 4,03%.
A guerra de preços de petróleo começou há um mês, quando Arábia Saudita e Rússia aumentaram a produção, mesmo com os preços em queda. No início do mês, a cotação do barril do tipo Brent chegou a operar próxima de US$ 20, no menor nível em 18 anos. Segundo a Petrobras, a extração do petróleo na camada pré-sal só é viável para cotações a partir de US$ 45.
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