O marido de Quézia Leite Batista, mulher que morreu infectada pelo coronavírus, em João Pessoa, relatou como foi o processo de diagnóstico e revelou estar recuperado da doença. Ele também atestou positivo para Covid-19, mas, segundo ele, precisou dar entrada em hospitais por cinco vezes. A esposa, no entanto, não resistiu e faleceu. Ela era servidora pública e trabalhava na maternidade Frei Damião. “Vale mais a vida do que o dinheiro ou a economia do nosso Brasil, do nosso mundo”, disse Danilo Barros.
De acordo com Danilo, no dia 11 de março ele começou a ter alguns sintomas parecidos com o de uma gripe e procurou um hospital. Na unidade de saúde, ele foi medicado e liberado para ir para casa. No dia seguinte, acordou pior dos sintomas e voltou no mesmo hospital, onde novamente foi medicado e retornou para casa.
“Dia 13 de março minha esposa começou com os mesmos sintomas e no dia 18 ela teve uma piora mais significativa”, explica. Danilo conta que a levou a outro hospital particular, onde ela foi diagnosticada com uma infecção aguda respiratória. “Mesmo assim, foi medicada e encaminhada para casa”, revela. Danilo precisou ir ao hospital cinco vezes para conseguir confirmar, por teste, que estava com coronavírus. Quériza foi três vezes até uma unidade de saúde particular.
“Em nenhum momento foi cogitado a hipótese de estarmos com coronavírus”, revela Danilo, que já está recuperado e fora do quadro de risco da doença.
De acordo com o secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros, a confirmação da Covid-19 de Quézia Leite veio após o primeiro teste e a contraprova terem dado inconclusivos.
Quézia Leite Batista estava internada em um hospital privado em João Pessoa, com notificação de suspeita para Covid-19. O quadro clínico dela piorou e ela morreu no dia 24 de março. Após a morte da servidora, ainda considerada à época suspeita para coronavírus, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) efetuou a desinfecção da maternidade Frei Damião, paralisando os atendimentos por 24 horas.
Ainda de acordo com Geraldo Medeiros, o caso de servidora foi atípico, pois tanto o exame feito no Laboratório Central de Saúde Pública da Paraíba (Lacen-PB), quanto a contraprova feita no Instituto Evandro Chagas, no Pará, não conseguiram atestar que se tratava de uma paciente infectada pelo coronavírus.
“Foi um caso isolado. Medicina não é uma ciência exata, existe um percentual para que o exame seja classificado inconclusivo. A coleta da paciente [Quézia] foi colhido no nono dia, isso torna mais difícil para que se tenha um resultado mais preciso. Tudo interfere, o modelo da coleta do material, o acondicionamento, tudo isso pode fazer com que o exame seja inconclusivo”, explicou. Inicialmente, a própria SES havia classificado a morte como descartada, mas em seguida, no dia 30 de março, informou que tinha sido reiniciado o protocolo para investigação da morte.
Danilo, que publicou um vídeo no seu perfil no Instagram informando que também havia testado positivo para Covid-19, deixa um recado: “fique em casa por mais que tenha dificuldades, financeira, medo do desemprego, mas é melhor depois tentarmos no erguer estando com as pessoas amadas ao nosso lado do que todo mundo ir para rua, tudo voltar e, infelizmente, pessoas, pai de família, mãe de família, vir a óbito”.
Na rede social, quando saiu o resultado do exame, ele reclamou da demora do diagnóstico. “28 dias após os primeiros sintomas veio a confirmação… Positivo para Covid-19, depois de ter feito o primeiro exame pela SES fora do período recomendado, o certo seria sete dias após os primeiros sintomas, em mim foi coletado no 14° dia após os sintomas, com isso o resultado do primeiro exame deu negativo, assim como o da minha esposa, que infelizmente veio a óbito”, escreveu na publicação.
O teste rápido do paciente foi aplicado pela Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa (SMS), informando que ele tinha sido infectado pelo coronavírus e que o corpo havia produzido anticorpos.
G1Paraiba
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