
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse nesta terça-feira (05), durante reunião de líderes do Senado Federal, que não há necessidade ainda de se adiar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) por conta da pandemia de coronavírus. Sobre a questão de uma possível desvantagem para os alunos da rede pública ou aqueles que não têm acesso à internet ou aulas virtuais, Weintraub teria dito que esses já são historicamente atendidos pelas cotas segundo o líder do PDT na Casa, Weverton Rocha (PDT-MA).
Para ele, a crise de saúde não seguirá até a época da prova, em novembro. “Ele [Weintraub] está argumentando dizendo que não passa por enquanto na cabeça deles adiar o Enem porque é apenas em novembro e argumenta que os estudantes mais vulneráveis, mais pobres, que não tem os mesmos acessos que os demais estudantes têm…já são beneficiados com a cota. E que historicamente com essa cota eles já têm o acesso”, disse o senador.
Segundo Weverton, o ministro disse que reavaliará a situação de adiar ou não as provas em agosto. Depois da fala do ministro, seria a vez dos senadores se pronunciarem. O convite para que ele participasse da reunião com os líderes, que define as pautas as prioridades do Senado, foi do presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Também presente da reunião, o líder do Podemos, Alvaro Dias (Pode-PR), confirmou à reportagem que o ministro disse não haver razão para o adiamento neste momento. Ele, entretanto, negou que Weintraub tenha falado sobre a possível competição injusta entre os estudantes.
Weverton, por sua vez, afirmou que essa concorrência seria muito grande: “Essa concorrência ela é totalmente desproporcional com o estudante que mora em zona rural, estudante que mora no sertão, que não tem condições de estudar em casa. Totalmente desproporcional essa concorrência aí”, completou.
A líder do Cidadania, Eliziane Gama (Cidadania-MA), confirmou a versão de seu colega do PDT e criticou o argumento usado pelo ministro. Ela disse que, para Weintraub, adiar ou cancelar o Enem seria “desesperança para a juventude”, e que o Enem não seria “pra resolver desigualdade social”.
“Ocorre que injusto é permitir o Enem com 90% dos alunos na rede pública, sendo que temos 46 milhões de brasileiros que não têm internet hoje no país. Ou seja, esses podem não está tendo como estudar hoje. Estamos criando uma disparidade entre os que têm acesso a aulas online hoje e os que não tem”, afirmou.
Segundo ela, a manutenção da prova gera uma disparidade entre os alunos da rede pública, o que derrubaria o argumento de que estariam amparados nas cotas.
“Quem tem acesso à universidade pelo sistema de cotas, ele tem através do benefício de ter um estudo público gratuito presencial. Só que agora ele não tem nem o estudo público gratuito presencial e nem a internet, ou seja, ele está em uma disparidade em relação a outros que têm acesso ao ensino público”, declarou.
Ela continua dizendo que apesar de não haver mais perigo em aglomerações em novembro por conta da pandemia, ainda será uma injustiça com os jovens que farão o exame.
“Eu acho que é muita falta de sensibilidade do ministro de querer a todo preço assegurar o Enem em novembro…Eu acho isso uma ação de injustiça em relação aos jovens brasileiros”, completou.
Com informações de Poder 360
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