O nós contra eles criado pelo instinto de sobrevivência e até perpetuação no poder pelo ‘lulopetismo’ e vitaminado pelo presidente presidente Jair Bolsonaro, que chegou à Presidência da República, como todos sabem, surfando na onda de uma polarização que até aqui pouco ou nada trouxe de proveito algum ao País, está com os dias contados e um ilustre personagem da nossa história contemporânea deve ocupar com louvor e todos os méritos que lhe são inerentes um espaço que por muito tempo ficou vazio na política nacional.
Ex-juiz da investigação que resultou na maior operação de combate à corrupção do Brasil não esconde mais de ninguém que está disposto a quebrar a polarização do último pleito eleitoral e ser uma alternativa ou caminho do meio entre petistas e bolsonaristas. Por todos os gestos, atitudes e palavras, Sérgio Moro começa a ratificar a máxima de que não existem espaços vazios na política.
Responsável por condenar o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do triplex do Guarujá, Moro acusou Bolsonaro de interferir politicamente na troca do comando da Polícia Federal (PF). Desde que deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Moro tem ampliado sua presença nas redes sociais e na mídia tradicional.
Em entrevistas recentes, coincidência ou não, Moro tem comparado o bolsonarismo e o lulopetismo, tratando-os como “mais do mesmo” ou “tampa e caldeirão”, numa clara e inteligente estratégia de dizer à sociedade que ambos são a mesma coisa, só que com sinais trocados. Para ilustrar, nesta quinta-feira (11), à Rádio Gaúcha, Moro comentou a recriação do Ministério das Comunicações e a indicação do deputado Fábio Faria, do ‘Centrão’ e genro de Silvio Santos, e disse, em tom irônico, que o “problema não é fazer aliança política; é com quem se faz e por que se faz”.
Na mesma entrevista, tratou sobre coronavírus e falou da postura do presidente durante a pandemia. Para ele, Bolsonaro tem postura “negacionista” e isso dificulta a adoção de políticas públicas mais abrangentes e racionais, e disparou: “faltou uma coordenação nacional”.
A verdade é que Sérgio Moro começa a ocupar cada vez mais os espaços em torno dos problemas nacionais e isso deve ganhar corpo daqui em diante não apenas pela sua popularidade e importância no seio da sociedade, mas pela ausência de uma voz que que consiga convergir para o meio, com equilíbrio, maturidade e, acima de tudo, credibilidade. E isso, sem tirar nem pôr, o ex-juiz da operação Lava Jato tem de sobra.
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