Com 31 anos de carreira, a defensora pública Maria Fausta Ribeiro (esquerda) celebrou no mês de junho deste ano a marca de 10 mil procedimentos, entre processos baixados (5.342) e atendimento ao público (4.658). Especializada na Vara de Família, ela também atuou na área criminal e passou por 51 comarcas da Paraíba, tendo ficado por mais tempo em Rio Tinto. O balanço foi apresentado na última sexta (26) ao defensor público-geral Ricardo Barros, e a subdefensora geral Madalena Abrantes.
Foi na comarca onde atuou por mais tempo que ela teve a oportunidade de conviver com povos indígenas. A experiência em Rio Tinto é uma das várias que ela descreve como marcante na carreira. “Convivi com eles no mais profundo habitat, presenciando vários aspectos da cultura. Naquela época, a Funai (Fundação Nacional do Índio) pouco se interessava e a mortalidade ocorria em alto grau”, conta a defensora pública.
Na sua trajetória, Fausta Ribeiro também trabalhou com a comunidade quilombola, em Santa Luzia, e com a comunidade cigana, em Sousa. Na primeira, destaca a enorme situação de pobreza e abandono político que os quilombolas enfrentavam. Já com o povo cigano de Sousa, conta a experiência de ter participado da realização de um casamento coletivo, em que também participaram o juiz da comarca e o promotor.
“Ressalto a minha preocupação em fazer as mulheres ciganas belas. Fui ao comercio de Sousa comprar joias (bijuterias), flores e batons. Ao anoitecer, para a minha surpresa, não se fazia necessário nada, pois me apareceram as mulheres mais belas, bem vestidas e bem pintadas que eu já tinha visto: as mulheres ciganas”, contou a defensora.
Em Mogeiro, a 110 km de João Pessoa, outro episódio também ficou marcado na sua memória. Ela e outra colega defensora foram até a cidade para fazer atendimentos e, por falta de local mais apropriado, acabaram hospedadas num sítio familiar. Lá, realizaram cerca de 700 atendimentos em uma semana. “Foi o local onde eu encontrei mais apoio e segurança”, afirma.
Também percorreu o Estado com o programa Ciranda de Serviços, experiência que a deixou realizada. “Naquela caminhada, acompanhada pelo governador da época, me sentia realizada por sentir o carinho das pessoas necessitadas”, diz.
Aos 70 anos, conta experiências e afirma não ter vontade de parar: “Nestes anos todos, encontrei situações hediondas de família, crianças abandonadas, jovens estupradas, casos em que se generalizava a fome, mas me sinto ainda com desejo amplo de dar continuidade a este ‘ser defensora pública’, para atender aqueles que nos procuram em busca de uma nova realidade de vida”, ressaltou.
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