A eliminação, nos pênaltis, do Botafogo-PB na semifinal do paraibano para o Treze, ontem (05), em Campina Grande, aprofundou de vez a crise também política vivida pelo clube e levou a oposição a proferir ataques contra a atual diretoria.
Na manhã de hoje (06), o ex-dirigente Breno Morais, afastado em virtude da Operação Cartola, em entrevista para a Rádio Sanhauá, não poupou críticas à gestão do presidente Sérgio Meira, outrora aliado, como também ao presidente do Conselho Deliberativo Luciano Wanderley.
O péssimo desempenho apresentado pela equipe desde a volta do futebol tem sido resultado do fraco trabalho apresentado pelo técnico Mauro Fernandes. Com uma atitude de apenas se defender, com três zagueiros, o Belo não resistiu a pressão de um motivado Galo, e não estará entre as duas primeiras posições do Campeonato Paraibano pela primeira vez desde 2013.
Luciano Wanderley foi um dos responsáveis pela vinda do comandante, juntamente com o diretor de futebol Ariano Wanderley, que chegou a comunicar que estaria se desligando da sua função após a eliminação. Entretanto, depois se explicou, dizendo que estava afastado por ser do grupo de risco de contaminação à Covid-19.
Breno Morais lembrou que Luciano Wanderley vinha se vangloriando de ser um dos autores da contratação do atual treinador, e condenou as suas atitudes como presidente do conselho.
– Ele se vangloria disso (contratação de Mauro Fernandes). Da mesma forma que ele me expulsou do grupo de conselheiros, da mesma forma que expulsou Guilherme Novinho do grupo de conselheiros, da mesma forma que fez uma jogada política com a diretoria para não permitir a minha participação na reunião do conselho que aprovou as contas de Sérgio Meira, que não deviam ser aprovadas – lembrou.
O ex-dirigente também se refere ao embate ocorrido entre membros da oposição e situação para a sua não participação da reunião com base no julgamento do STJD que o baniu do futebol, não podendo assim ter qualquer envolvimento oficial com o clube. Contudo, ele acabou participando do encontro que aprovou as contas da atual gestão. A situação financeira continuou sendo tema das suas acusações.
– Outra coisa, já está tudo atrasado de novo. Deveriam estar prestando contas de três em três meses, fazem três trimestre que as contas não são prestadas. Gastam com tudo que aparece pela frente. Falam que os salários estão em dia com os jogadores. Pergunta se está em dia com os fornecedores, quantos boletos têm lá em aberto. Ninguém sabe, a torcida não quer saber disso não. Quando falávamos sobre isso, era porque estávamos tumultuando – lembrou.
Se a situação dos cofres vai mal, muito em função dos problemas enfrentados em decorrência da pandemia do novo coronavírus, os problemas no departamento de futebol caminham na mesma direção. Na oportunidade da sua saída, o ex-técnico Evaristo Piza já tinha denunciado problemas de gestão no setor, com interferências de diversos setores da Maravilha do Contorno. Breno, mais uma vez, reafirmou a veracidade nas declarações do treinador, atualmente no XV de Piracicaba.
– Onde é que está essa gestão? Não tem gestor, todo mundo manda, todo mundo contrata, dispensa, todo mundo diz que presta, diz que não presta. A falta de gestão, a esculhambação cobra o preço. O Botafogo-PB é uma esculhambação hoje em dia, uma esculhambação administrativa. Agora na mídia não, na mídia é tudo certo, tudo bacana. Mas o Botafogo-PB tem uma gestão incompetente – disse.
Por quase uma década, Breno Morais e Sérgio Meira compuseram o mesmo grupo político que comandou o time da Estrela Vermelha, mas recentes atritos em 2020 os colocaram em lados opostos, e as animosidades entre os dois grupos se acirraram nos últimos meses.
Conhecido pelo trato forte e centralizador do futebol do clube, Morais contrasta com Meira em muito no modo que trabalham na administração, com o atual gestor sendo conhecido por seu lado mais aberto e descentralizador. É nesse comportamento que Meira mais sofreu críticas, sendo acusado de não assumir responsabilidades.
– Quem toma conta do futebol do Botafogo-PB? É o presidente? É o diretor financeiro? É o diretor administrativo? É o vice de futebol? É o gerente de futebol? Todo mundo manda lá, todo mundo não manda. Agora, depois dessa reunião (hoje, no fim da manhã), podem ter certeza, pode anotar o próximo depoimento será do presidente falando que não queria, mas foi voto vencido. Que não queria, mas a diretoria queria. Que não queria, mas fizeram isso. Ele é o presidente, mas não tem autoridade para nada. É tudo eu não queria, mas fizeram. Hoje parece que vai ter uma coletiva, vão arrumar um culpado. Capaz de ter sido eu o culpado – ironizou.
A atual diretoria marcou para as 15h de hoje (06), um pronunciamento na Maravilha do Contorno para tratar do atual momento. Com a possível desistência de Ariano Wanderley, se especula que o vice-presidente de marketing, José Marinho de Sousa, assuma a função. E ele já foi alvo dos ataques por parte de Morais.
– A incompetência tem preço, um dia a conta chega e o preço é alto. E agora, quem vai recuperar o Botafogo-PB? O Marinho, o mago do marketing, que disse que eu era um ladrão? É ele quem vai recuperar? O assessor de marketing, é ele quem vai recuperar? Vamos aguardar, né – concluiu.
O assessor de marketing ao qual se refere é Renan Cavalcanti, um dos alvos das acusações de Piza sobre a ingerência no departamento de futebol. A reportagem do Portal Voz da Torcida tentou entrar em contato com diversos membros da diretoria e com Luciano Wanderley, mas não obteve respostas até o momento da publicação da reportagem.
Voz da Torcida
Discussion about this post