Nessa segunda-feira (24), a Alemanha mudou a classificação da região de Paris e do litoral da Côte-d’Azur para zonas sob risco por conta do grande número de casos de coronavírus. Com isso, quem estiver nessas áreas e precisar ir à Alemanha, terá de passar por um teste e ficar em isolamento até ter o resultado. Os casos positivos deverão fazer uma quarentena de 14 dias.
O recente aumento da transmissão do coronavírus em alguns países da Europa, principalmente na Espanha, Bélgica, Holanda e França, provocou um novo abre-e-fecha de fronteiras. As regras, atualizadas quase diariamente, viraram um quebra-cabeça para os europeus, tão acostumados à livre circulação entre os países da União Europeia.
Após trabalhar por cinco anos em uma empresa de recursos humanos da capital francesa, Anne Schneider está trocando de emprego para uma empresa de Munique. Ela previa voltar a Paris para resolver burocracias no início de setembro, mas vai ter de mudar de planos.
“Não sei mais o que vou fazer. Começo o novo trabalho em primeiro de outubro, então se eu tiver que fazer uma quarentena de duas semanas, arriscarei perder minha primeira semana”, diz.
O país de Angela Merkel já tinha decidido adotar teste ou quarentena obrigatória para quem vem da maior parte do território espanhol, o destino europeu de férias mais popular entre os alemães, ou da Bélgica.
Quebra-cabeça europeu
Os países do espaço Schengen, área de livre circulação composta por 22 membros da União Europeia e a Suíça, a Islândia, a Noruega e Liechtenstein, reabriram suas fronteiras internas em 15 de junho, após o período mais grave da pandemia no continente, mantendo a área fechada para viajantes de boa parte do mundo, como norte-americanos, russos, brasileiros ou australianos.
No entanto, o aumento das taxas de contaminação em algumas regiões da Europa levaram os países a adotarem medidas de controle de circulação. A questão é que cada país decide a medida – teste ou quarentena – , o prazo e as taxas de contaminação para que uma área torne-se região de risco.
Na Bélgica, por exemplo, a quarentena de 14 dias é obrigatória para quem vem de Malta, da Romênia ou da Espanha.
Já o governo norueguês adotou uma quarentena de dez dias para quem volta da França, do Reino Unido, da Suécia, da Polônia, da Bélgica, da Croácia e a lista continua.
O Reino Unido pegou milhares de pessoas de surpresa durante suas férias ao anunciar, com pouco mais de 24 horas de antecedência, que os viajantes provenientes da França e da Holanda seriam obrigados a passar 14 dias isolados em casa.
A decisão anunciada na noite de 13 de agosto provocou uma corrida para tentar atravessar o Canal da Mancha antes do sábado (15), quando a imposição passou a valer.
“Sou massagista e tinha clientes agendados para os próximos 15 dias, tive que adiar as consultas. Isso afeta diretamente o meu negócio”, contou a francesa Emeline Denis, que tinha aproveitado o período de férias para ver a família em Paris, ao jornal “Le Parisien”.
A França, pega de surpresa pela decisão do governo de Boris Johnson, pretende adotar a reciprocidade nos próximos dias e também impor uma quarentena de 14 dias para quem voltar do Reino Unido, segundo o secretario de Relações Europeias, Clément Beaune, anunciou nesta semana.
Situação da pandemia no continente
Com o final das férias, os países que conseguiram manter o coronavírus sob controle nos últimos meses temem pela volta de pessoas que passaram o verão em áreas em que o vírus voltou a circular.
Entre os grande países europeus, a Espanha é o local com surto mais grave. O país mediterrâneo registrou 175 novos casos de Covid-19 por 100 mil habitantes nas últimas duas semanas. A ilha de Malta, outro conhecido destino de férias, tem 123 novos casos por 100 mil.
De acordo com os dados do ECDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças Europeu), publicados nesta terça-feira (25), a Romênia é outro país sob risco; são 86 novos casos confirmados por 100 mil habitantes nas últimas duas semanas.
A Croácia tem 65 novos casos por 100 mil habitantes. Na França a taxa é de 62 novas contaminações. Bélgica, Ucrânia e Holanda têm 53, 52 e 46 novos casos, respectivamente. E na Suíça, foram registrados 39 novos contágios por 100 mil nos últimos 14 dias.
A Alemanha e o Reino Unidos, que tomaram recentemente medidas mais restritivas, tiveram um leve aumento no número de casos nos últimos tempos, mas seguem com taxas muito mais baixas.
A Alemanha registrou 20 novas contaminações por 100 mil habitantes nas últimas duas semanas e o Reino Unido, 22 novos casos.
G1 Mundo
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