Apesar da pressão do Sindicato das Escolas Particulares da Paraíba para o retorno das aulas presenciais como forma de minimizar a crise no setor, os professores da rede particular afirmam ainda não ser o momento ideal para a volta às salas de aulas. De acordo com Antônio Arruda, da Administração do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino Privado da Paraíba, não há condições de retorno das atividades presenciais este ano e propõe que em 2021 se faça um reordenamento pedagógico como forma de recuperar a série afetada com a pandemia.
No mês de julho, Antônio Arruda contou que foi realizada uma assembleia on-line com os docentes e ficou decidido que o retorno somente poderá acontecer quando houver segurança para os trabalhadores e estudantes contra o novo coronavírus. “Os professores não aceitam voltar sem ter segurança. É como colocar no meio do fogo”, afirmou. Além disso, destacou a necessidade de se criar um comitê de fiscalização, assim que retornar, e que inclua os professores a fim de verificar o cumprimento das normas de prevenção a covid-19.
Para Arruda, as escolas ainda não estão preparadas para atender os professores e nem os alunos. “Eu sou também do Conselho Estadual de Educação e a representante das escolas particulares também faz parte e ela chegou a dizer que 100% da rede privadas estava preparada, mas eu disse que trabalho na melhor escola privada do Estado da Paraíba e ela ainda não está preparada para a volta”, comentou.
Sobre o distanciamento entre os alunos nas escolas, apontou ainda não estar nos limites recomendados pelas autoridades sanitárias. No entanto, aponta que no caso dos professores o ideal é que seja entre 4 e 5 metros de distância dos estudantes. “O professor se movimenta bastante e precisa de espaço”. Ainda de acordo com Arruda, o problema hoje ainda é o comportamento da sociedade. “Mesmo com todas as medidas das autoridades sanitárias, o povo não está cumprindo, no caso os adultos, imagina os estudantes quando voltar…!”
Embora os números na Paraíba estejam em queda, Arruda comentou que ainda é considerado alto, se observado o quantitativo de óbitos. No entanto, disse que somente quando a Paraíba estiver na ‘bandeira verde’ é que se deve começar a discutir a possibilidade de retorno das atividades presenciais. “É totalmente precipitado voltar agora. Tem o risco da segunda onda. Ainda não há estudos que provem que quem teve está imune. É só olhar a situação da França e da Itália”, afirmou. Acrescentou que “na nossa visão não tem condições para retorno esse ano”. Além disso, comentando que é possível recuperar ano perdido, mas não é possível ter a vida de volta. Sugere o reordenamento pedagógico com ciclos, dois anos em um, para recuperar o ano anterior.
Visão dos professores
Em contato com três professores da rede particular da Capital, ouviu o que eles achavam do retorno das aulas presenciais, apesar de preferirem não se identificar, o concesso foi único. “Creio que a volta seja mais por questões financeiras (por parte das escolas privadas) do que por preocupação com a educação”, frisou uma professora de História. Uma professora de Geografia considera arriscado. “Eu acho bem arriscado no momento o retorno e problemático também. Arriscado porque em Manaus em 15 dias de aula, mais de 300 professores foram contaminados. E problemático porque já estamos com uma jornada de trabalho sobrecarregada do que o presencial”, contou.
Essa professora ainda acrescentou que ofertar metade remoto e metade presencial, triplica o trabalho, mas o salário não corresponde a jornada de trabalho. “Eu tenho quarto turmas, dando aulas na quarta e quinta apenas de manhã. Preparava as aulas a noite, por conta do estágio que fazia, já era cansativo porque tinha que me desdobrar em dois locais para fazer uma renda mínima e agora eu passo 4 dias inteiros produzindo aulas”, frisou.
Já o professor de Química acredita que só deve voltar quando o estudo, que o Estado, está fazendo, seja divulgado. “Esse estudo ainda está em andamento, então não creio que seja assertivo o retorno agora, visto que existe de certa forma um plano mais ou menos organizado pra se rastrear os lugares com maiores e menores índices de estudantes que tiveram contato com o vírus. Mesmo que as escolas adotem todos os protocolos, e acredito que estejam, isso não dá garantia de controlar o vírus. Cidades que voltaram, como Manaus, viram grandes índices de contágio entre os profissionais da educação e estudantes”, disse.
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