Um jovem obcecado por armas, conhecido pelo mau comportamento e que acabou sendo expulso da escola.
Assim está sendo definido Nikolas Cruz, de 19 anos, apontado como o responsável por invadir nesta quarta-feira o colégio público Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida, com um fuzil AR-15 nas mãos e abrir fogo contra alunos e professores, deixando ao menos 17 pessoas mortas.
Cruz aparece empunhando armas em diferentes fotos postadas em uma das contas que mantinha no Instagram, agora desativadas. De acordo com o jornal Miami Herald, se vangloriava por atirar em ratos e era um visto como um “adolescente problema”, que tinha poucos amigos.
O jovem adquiriu má fama na escola devido a seu comportamento. Um aluno, Chad Williams, de 18 anos, disse à agência de notícias Reuters que sabia da paixão do colega por armas e que com frequência ele disparava o alarme de incêndio para provocar tumulto, por exemplo.
Segundo relatos surgidos até agora, Cruz chegou a ameaçar colegas enquanto estudou ali. A polícia diz que ele foi expulso da escola por infrações disciplinares, mas não detalhou quais. No colégio, conta-se que sua saída teria ocorrido após o jovem ter sido flagrado com munição.
Parkland fica a 70 km ao norte de Miami, em uma região que concentra brasileiros.
Muitos filhos de imigrantes estudam na escola, que tem 3 mil alunos, mas, de acordo com o consulado, não há brasileiros entre as vítimas – embora muitos tenham testemunhado o ataque.
Um jovem isolado
Chad Williams definiu Cruz como um aluno isolado. “Não tinha muitos amigos”, disse à Reuters.
“Ele teve problemas no último ano, no qual ameaçou outros alunos. Acho que foi convidado a deixar a escola”, disse o professor de matemática Jim Gard ao jornal Miami Herald.
Gard afirmou ainda que o colégio encaminhou um email alertando os professores sobre ameaças do então aluno.
De acordo com a publicação, pessoas próximas dizem que ele falava pouco com a família. Tanto Nikolas quanto o irmão, conta, foram adotados na infância por Lynda e Roger Cruz. O casal era de Long Island, em Nova York, mas criou os meninos em Parkland.
Após a morte de Roger, há cerca de dez anos, Lynda batalhou para cuidar dos filhos, afirmou sua ex-cunhada, Barbara Kumbatovich.
“Ela fez o melhor que podia. Eles eram adotados e tinham problemas emocionais”, relatou ao Miami Herald.
Lynda teria morrido de pneumonia em novembro passado, segundo a imprensa americana.
Postagens preocupantes
A obsessão de Cruz por armas é destacada por seus ex-colegas.
“Tudo que ele posta é sobre armas. É doentio”, diz Matthew Walker à rede americana ABC.
“Ele só falava de armas, facas e caça”, disse Joshua Charo, 16, seu ex-colega de classe no ensino médio. “Não posso dizer que fiquei chocado. Com base nas experiências passadas, ele parecia ser o tipo de pessoa que faria algo assim”, afirmou ao Miami Herald.
Depois do ataque, imagens supostamente copiadas de duas contas atribuídas a Cruz no Instagram começaram a circular na internet. Os perfis acabaram apagados.
Uma das fotos mostrava uma caixa de munição e outra, rifles sobre uma cama. Em várias imagens, um homem usando uma máscara empunha facas diante da câmera.
O chefe da polícia local, Scottl Israel, disse que foram feitas varreduras nos perfis de Cruz nas redes sociais. Segundo ele, o conteúdo era “perturbador”.
“Já começamos a dissecar os sites e as redes sociais que ele usava. Encontramos algumas coisas muito, muito perturbadoras”, observou Israel, sem detalhar o material.
Apesar dos relatos de ameaças, de mau comportamento e da obsessão por armas, autoridades dizem que não havia nenhum indicativo nem denúncias de que Cruz seria capaz de perpetrar um ataque como o desta quarta-feira.
“Não houve alerta, nenhum telefonema ou ameaça, que a gente saiba, de que isso aconteceria”, disse Robert Runcie, superintendente das escolas do condado de Broward.
BBC Brasil
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