A declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que ele não estaria tramando para pôr fim a Lava Jato, mas acabando a operação, segundo Andreia Sadi, do G1, tem, entre outros objetivos, “apagar” a imagem do ex-ministro Sergio Moro para a eleição de 2022. Durante pronunciamento no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (7) o presidente afirmou que “acabou” com a Lava Jato porque, no governo atual, não há corrupção a ser investigada.
Por outro lado, um ex-investigador da Lava Jato disse a jornalista que “sem investigação, não há corrupção.”
Moro, como se sabe, segundo Sadi, ainda dentro do governo, virou alvo do presidente e de seus filhos, uma vez que a família Bolsonaro acreditava que o ex-ministro da Justiça estava de olho na eleição presidencial.
Começou ali, então, um processo de fritura do então ministro — que repetia não ter pretensões eleitorais. Fora do cargo, Moro não convenceu o governo de que está fora da sucessão presidencial. Por isso, o ex-juiz e seu legado continuam na mira do Planalto.
Senadores e deputados ouvidos pelo blog acreditam que parte da estratégia do governo em “minar” a Lava Jato tenha como pano de fundo uma operação para esvaziar a candidatura de Moro. Nas palavras de um cacique do Congresso, o imaginário popular a respeito do ex-juiz tem relação com a “força da caneta” que ele tinha na Lava Jato: “Se Bolsonaro bate na tecla de que acabou a operação, tenta apagar o seu maior símbolo, trabalha para reforçar isso na cabeça da população”.
O sonho do Planalto é a reprodução de uma polarização entre PT e Bolsonaro — e Moro, se candidato, atrapalha os planos, pois racha a base bolsonarista.
Essa é apenas uma das avaliações feitas sobre a frase de Bolsonaro ontem. Apesar da estratégia de Bolsonaro, analistas acreditam que a fala do presidente pode ter efeito colateral reverso. Ao invés de “apagar” o ex-juiz, acabe oferecendo uma bandeira para Moro.
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