O resultado que brotou das urnas neste domingo (15) foi uma guinada do país e seus eleitores para centro. Não à toa, os eleitos e os que disputam o segundo turno são majoritariamente de partidos do centro político. Diferente de tempos não tão distantes, extremos de parte a parte, seja de esquerda e tampouco de direita, o brasileiro que foi às urnas votou convicto de que o Brasil precisa de equilíbrio e não de radicalismos.
Numa eleição em que raramente entra em pauta o componente da polarização em âmbito federal, a clara sinalização dos eleitores foi na direção do centro e de partidos tradicionais, como MDB, Progressistas, DEM, PSD e PL. Enquanto candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro patinaram nos votos, postulantes do PT e assemelhados também caminharam ladeira abaixo nas capitais.
Aliás, é preciso abrir um parêntese para destacar o desempenho do DEM e do Psol, este último no segundo turno em São Paulo, com a surpreendente campanha de Guilherme Boulos. O PSL, que obteve a segunda maior fatia do fundo eleitoral — dinheiro público usado para financiar campanhas —, perdeu a força que teve em 2018, quando chegou a eleger o presidente, três governadores, quatro senadores, 52 deputados federais e 76 estaduais. Com orçamento de R$ 199,4 milhões, o partido não conseguiu levar seus candidatos para o segundo turno em nenhuma das 14 capitais que disputou. Dos mais de cinco mil municípios do país, a legenda conquistou 24 prefeituras, número bem abaixo do de siglas como, PSD (449), MDB (448), Progressistas (415), PSDB (348), DEM (310), PL (210) e PDT (201).
Neste segundo turno, o cenário não será diferente. Ao todo, 17 partidos disputam as capitais — a maioria, de centro. MDB, PSDB, PP e Podemos, são as legendas com maior número de candidatos.
Na Paraíba, de modo bem particular, é importante destacar a vitória de Bruno Cunha Lima, do PSD, o que coloca o atual prefeito Romero Rodrigues, do mesmo partido, como figura emblemática na sucessão estadual, isso pelo lado das oposições. O Progressistas, partido comandado pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro, que conta com a senadora Daniella Ribeiro, e com o também senador Diego Tavares, em grande ascensão no cenário político a partis de João Pessoa, onde Cícero Lucena disputa o segundo turno contra Nilvan Ferreira, do MDB, outro partido de centro, é outro agrupamento a merecer atenção pela performance eleitoral (foram 21 prefeitos) deste domingo.
O governador João Azevêdo também merece uma análise mais acurada, sobretudo pelo desempenho do seu partido, o Cidadania, nas urnas. O partido do governador João Azevêdo foi quem saiu com o maior número de gestores nas eleições municipais deste ano.
Sintomático, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que tem como principal representante o ex-governador Ricardo Coutinho, que praticamente expulsou o gestor estadual dos seus quadros, foi o grande derrotado nas eleições municipais no estado. Não bastasse a fragorosa derrota do ex-governador em João Pessoa, que ficou em sexto lugar na disputa, o PSB, que havia elegido 52 prefeitos quatro anos atrás, desidrata a ponto de fazer apenas cinco municípios.
No cômputo geral, até como reflexo do cenário brasileiro, outras legendas de centro, como o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), do deputado federal Ruy Carneiro, que ficou em terceiro na disputa em João Pessoa, conquistou 27 prefeituras, seguido do DEM, com 25, PL, com 22 eleitos.
Agora, em meio a esse novo ambiente político que germina das urnas, toda a atenção dos principais líderes políticos se voltam para o principal colégio eleitoral, a capital de todos os paraibanos, palco de mais duas semanas de campanhas, em que Cícero e Nilvan disputam voto a voto a condição de novo prefeito de João Pessoa pelos próximos quatro anos. Uma disputa que deve ganhar novos contornos a partir das articulações de lado a lado. Mais que nunca, ganha quem errar menos.
O caminho do meio, tão cosmético aos budistas, parece ser o ‘abre alas’ para 2022, e a ‘senha’ para quem quer ter sucesso neste segundo turno aqui ou alhures.
Discussion about this post