O hospital Santa Isabel, referência para Covid-19 em João Pessoa, já perdeu cerca de 60 profissionais, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, dentre outros, em virtude da insatisfação com a gestão da unidade de saúde, vinculada a Prefeitura de João Pessoa. Por conta dessa situação, o hospital foi obrigado a fechar a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) São Francisco, originariamente voltada ao tratamento de pacientes com problemas cardiológicos e que foi utilizada ao longo da ‘primeira onda’ da Covid-19.
Documento obtido pelo Tá na Área, mostra que a UTI, que possui seis leitos, foi fechada sem qualquer justificativa pela administração do hospital e da própria Secretaria Municipal de Saúde, apesar da elevação dos casos.
No documento, os profissionais de saúde remanescentes da unidade e que foram recambiados para cobrir “buracos na escala de plantões” registram que, “sem um aviso prévio, fomos desviados para outro setor, sem estrutura adequada, ausência de fluxo de atendimento, expurgo externo à área de atendimento e próximo ao local de refeição e repouso dos funcionários, ou seja, copa e repouso dentro de áreas contaminadas. O que corrobora ao desencontro do código de ética dos profissionais de enfermagem descritos em legislação vigente em Resolução COFEN 564/2017, em direitos, no artigo:
Art.13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quando o local de trabalho não oferecer condições seguras para o exercício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente, ressalvadas as situações de urgência e emergência, devendo formalizar imediatamente sua decisão por escrito e/ou por meio de correio eletrônico à instituição Conselho Regional de Enfermagem.”
E mais:
“Ainda assim vale ressaltar que o dimensionamento de pessoal não corresponde ao contingente de leitos prontos para este atendimento, onde estes profissionais por escala teriam que assistir pelo entendimento proposto e logística de salas de USV01 disponíveis, 04 leitos de suporte ventilatório, 02 leitos de área vermelha e 02 leitos de área laranja, sendo que estas salas mantém distanciamento, dificultando acionamento de equipe e condução de atendimentos de emergência, bem como revezamento e descanso, vale ressaltar que a proposta é atender doentes graves com alto grau de dependência de cuidados da equipe.”
Por fim, o documento, que foi dirigido a direção do hospital, pontua o seguinte:
“Portanto, surge o seguinte questionamento: A UTI São Francico permanecerá “fechada” totalizando menos 6 leitos de terapia intensiva? É sabido a questão da insuficiência de leitos especializados na rede de atenção à saúde. Qual a justificativa? A equipe que estava lotada naquele setor denominado “Unidade Covid 1”, onde se encontra? Por que não permanecemos no local em que trabalhamos?”
Com a palavra, a Secretaria Municipal de Saúde ou a direção do hospital.
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