Principal fornecedora de oxigênio do governo do estado do Amazonas, a White Martins informou ter identificado a disponibilidade do produto em suas operações na Venezuela e que “neste momento está atuando para viabilizar a importação do produto para a região”. Sem oxigênio nos hospitais, Manaus vive uma crise sem precedentes por causa da pandemia de Covid-19, com internações batendo recordes e pacientes sendo enviados para outros estados.
Segundo a empresa, a demanda de oxigênio aumentou em cinco vezes nos últimos 15 dias, alcançando um volume de 70 mil metros cúbicos diários. Esse consumo equivale a quase o triplo da capacidade de produção da unidade da White Martins em Manaus, que é de 25 mil metros cúbicos por dia.
Entre abril e maio, na primeira onda da pandemia, o pico desse consumo foi de 30 mil metros cúbicos diários.
Com a demanda elevada, no início deste ano a empresa disse ter enviado o produto com carretas e tanques de sete estados do país – isso permitiu um incremento de 22 mil metros cúbicos por dia ao do volume médio.
A fornecedora de oxigênio informou ainda que “colocou à disposição das autoridades o envio de 32 tanques criogênicos móveis que neste momento estão em São Paulo e aguardando nova mobilização para serem transportados para Manaus”.
Para tentar aumentar a disponibilização do oxigênio, a White Martins fez um requerimento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) “para que a agência autorize a flexibilização temporária, em caráter excepcional, do percentual mínimo de pureza do oxigênio medicinal produzido no estado do Amazonas”.
“Dessa forma, a porcentagem mínima seria alterada para 95%”, informou a empresa em nota. Hoje, o percentual mínimo de pureza exigido é de 99%.
A empresa também disse que solicitou apoio aos governos estadual e federal. “Entre as iniciativas, estão reuniões periódicas com o Comitê de Crise do Governo do Estado do Amazonas e do Governo Federal; envio de requerimento junto à Anvisa; adaptação de equipamentos para transporte de oxigênio líquido nos aviões da Força Aérea Brasileira e solicitação formal de apoio logístico ao Ministério da Saúde”.
Pico de internações e toque de recolher
A média móvel de mortes por Covid-19 no Amazonas cresceu 183% nos últimos 7 dias. Até esta quarta-feira (13), mais de 219 mil pessoas haviam sido infectadas pela Covid em todo o estado, e mais de 5,8 mil morreram com a doença.
O número de internações pela doença em Manaus chegou a 2.221. O registro máximo desse índice era de abril do ano passado, com 2.128 internações. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, visitou o Amazonas nesta semana e afirmou que Manaus é “prioridade nacional neste momento”.
Na terça-feira (12), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou que uma nova variante do coronavírus que causa a Covid-19 foi encontrada no Amazonas. Trata-se da mesma variante que chegou ao Japão após viajantes passarem pelo estado.
O governador Wilson Lima anunciou, nesta quinta-feira (14), um decreto que proíbe a circulação de pessoas em Manaus entre 19h e 6h. Todas as atividades, exceto serviços essenciais para a vida, também estarão proibidos de abrir. A medida deve valer a partir da publicação do decreto, prevista ainda para esta quinta.
Manaus registrou 198 enterros nesta quarta e bateu recorde de sepultamentos diários pelo quarto dia consecutivo. Desse total, 87 enterros tiveram a causa declarada como Covid-19. Com aumento da demanda, a Prefeitura de Manaus ampliou horário do funcionamento dos cemitérios até as 18h.
Além disso, foram instaladas duas câmaras frigoríficas no cemitério público Nossa Senhora Aparecida, conhecido como Cemitério do Tarumã. O objetivo é manter conservados os corpos de vítimas que morrerem nos horários em que os cemitérios estão fechados.
G1 Amazonas
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