Em texto, a desembargadora Fátima Bezerra, esposa do senador José Maranhão, que faleceu aos 87 anos, vítima de complicações decorrentes da Covid-19 na noite de ontem, falou sobre o seu relacionamento com o político. Ela revelou que os dois se uniam de uniam na diferença e se completavam.
Ela contou ainda que sonhou com Maranhão pilotando um avião, uma de suas paixões, e sendo abençoado com o sangue de Jesus Cristo.
Leia:
‘Geralmente, os casais que se amam se tornam, com o passar dos anos, irmãos e cúmplices. Como os discípulos de Emaús, caminham juntos, fazendo companhia um ao outro, sob a presença e proteção de quem os uniu: Jesus Cristo.
Minha relação com meu marido tinha muito de uma paternidade respeitosa. Eu, com meu instinto impulsivo, ele, com sua cautela sábia, própria da maturidade. Ele o freio, eu o acelerador. Ele a razão, eu os sentimentos. Ele conectando-se com Deus no silêncio, eu na comunhão diária, através dos cânticos e hinos litúrgicos. Já ouvi, algumas vezes, falarem da força que eu teria em suas decisões. Os mais íntimos, porém, sabem que, por mais insistente e convincente que eu fosse, a última palavra era a dele.
Unindo nossas diferenças, como nos completávamos.
Costuma-se dizer que os opostos se atraem. Discordo dessa afirmação. O que aproxima as pessoas é o sentimento imenso e inexplicável, de força incalculável, chamado: amor. Radiante e divino, faz o que é díspar se tornar complemento, o que é lacuna se transformar em preenchimento.
O amor sem admiração é incompleto. Sem o embate de opiniões divergentes é insosso. E, se for incapaz de possibilitar a troca de olhares e abraços, prazerosos apenas pela sensação de estar com o outro, sem outros interesses, é tudo, menos amor.
Durante o tempo em que meu marido esteve na UTI, pude colocar meu rosto no seu peito, como João fez com Jesus. Consegui beijar seus pés, como Maria Madalena procedeu com seu Mestre.
Também pude adormecer numa cadeira hospitalar, pegada em suas mãos, e sonhar. Sonhei com meu piloto predileto, que me fazia olhar para o horizonte. E, nesse sonho, enquanto ele contemplava toda a beleza da natureza de que era amante, vi o sangue de Cristo escorrendo do céu e sendo derramado sobre seu corpo. Sobressaltada, acordei ofegante. Foi um sonho intenso e enigmático, mas…. tão bom! Porque, por alguns instantes, meu espírito se abraçou ao dele e, juntos, demos um lindo beijo, fazendo nossos lábios se tocarem, como num ato de despedida, sob o céu infinito da paixão.’
Discussion about this post