O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (1/3) que uma equipe do governo viajará para Israel na quarta-feira (3) para negociar uma possível aquisição do spray EXO-CD24, que segundo ele, poderá ajudar no combate à covid-19. O chefe do Executivo alegou que um paciente hospitalizado ou mesmo intubado “não tem o que perder” ao aderir ao spray. No entanto, a droga não possui eficácia comprovada contra o vírus. A declaração foi feita a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
Nas últimas semanas, o mandatário tem dito que enviará à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de liberação emergencial do spray. Bolsonaro alegou ainda que cloroquina, ivermectina e Annita, defendidos por ele no tratamento precoce, não possuem efeito colateral, fato desmentido por médicos. De acordo com ele, o spray, que carece de estudos aprofundados, também não apresenta efeito colateral.
“O spray, vai uma comitiva nossa. Deve sair quarta-feira para Israel. A gente tinha que acertar a papelada, a gente está fazendo acordos para usar aqui na terceira fase. Vai entrar com a papelada na Anvisa, a empresa. E o que acontece, o cara já está hospitalizado, até intubado. Não tem o que perder. E outra, não tem efeito colateral. Esses outros de tratamento precoce, que a gente fala cloroquina, ivermectina, Annita, seja o que for, não tem efeito colateral. Por que não tomar?”, questionou, sem apresentar provas.
O presidente voltou a defender o tratamento off label e disse que supostamente a Coreia do Sul estaria fazendo tratamento contra o novo coronavírus com base no “tratamento precoce”.
“O médico tem direito de trabalhar off label. Vi que, quando tem matéria da imprensa que fala desses tratamentos em outros países, a gente manda embaixador confirmar, né. Alguns países têm confirmado o tratamento precoce e tem dado certo. O que mandei confirmar agora é a Coreia do Sul, seria com a cloroquina. Não sei qual outro país também está usando ivermectina. A gente manda comprovar, confirmar isso daí. Já que aqui dentro você não pode falar off label, virou crime. O off label não é meu nem teu, é da medicina. Muitas doenças não teriam descoberto a cura se não praticasse off label no passado e a questão da covid é a mesma coisa”, apontou.
Bolsonaro também questionou a causa das mortes do país por milhões de habitantes. Segundo ele, o que explica a quantidade de óbitos é a falta do tratamento precoce.
“Parece que quanto mais morre, melhor é para alguns setores da sociedade brasileira. Olha só, somos a oitava maior economia do mundo, nosso IDH aqui não é tão bom perto do primeiro mundo. O que leva o país a ser o 26º em número de mortes por milhões de habitantes? Alguma coisa está acontecendo aqui. Só pode ser o tratamento precoce, não tem outra explicação para isso. E por que a grande mídia teima ainda em criminalizar quem fale isso? Eu tomei, mais de 200 do meu prédio tomaram, ninguém foi para o hospital”, disparou.
22 milhões de doses
O mandatário disse que em março o país deve receber 22 milhões de doses contra a covid-19. Bolsonaro justificou a demora na aquisição dos imunizantes dizendo que só podia comprar depois da aprovação da Anvisa. “Esse mês nós devemos ter no mínimo 22 milhões de vacinas. Alguns criticam o Brasil, a vacina. Eu só podia comprar depois que a Anvisa autorizar. Vou para comprar qualquer negócio que aparecer ai? Então começou essas vacinas serem certificadas pela Anvisa e estamos comprando”, completou.
Por fim, Bolsonaro minimizou a posição da vacinação em Israel, comparando com o número de habitantes do Brasil. “Agora, o Brasil, se não me engano, é o sexto que mais vacina. Tem Israel que está na frente, mas qual é o número de habitantes de Israel? Se for falar de tamanho é menor que o nosso menor estado, que é Sergipe. Lá, se não me engano, são 9 milhões de habitantes, então é fácil você falar que vacinou 30%. Eu acho, não tenho certeza, eu acho que nós vacinamos em valores absolutos mais do que eles”, emendou.
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