É cada vez mais comum que as máquinas tomem decisões por nós. Desde os links da página inicial do nosso navegador, às playlists automáticas do seu streaming de música favorito, à seleção de voos mais baratos ou até mesmo aos anúncios de coisas que não sabíamos que queríamos, os algoritmos e a inteligência artificial estão presentes em tudo.
Nas redes sociais do mundo digital não é diferente. Porém, além de serem capazes de identificar publicações que favorecem as nossas posições político-ideológicas, os mecanismos de inteligência artificial vão além e podem até mesmo manipular nossas escolhas na hora de votar.
Não acredita? Um exemplo disso é a utilização de Bots ou “robôs” de mídia social. Em termos gerais, os bots de mídia social são programas automatizados usados para criar engajamento nas redes sociais. Eles se comportam de maneira parcial ou totalmente autônoma e geralmente são projetados para espelhar o comportamento de usuários humanos.
Diferente dos chatbots, que podem manter uma conversa de forma independente, os bots de mídia social não precisam ter essa capacidade. Os chatbots são capazes de responder à entrada do usuário, mas os bots de mídia social não precisam “saber” como conversar. Na verdade, muitos bots de mídia social não se comunicam usando a linguagem de forma alguma, realizando apenas interações mais simples, como “seguir”, “curtir” ou disparar uma hashtag.
Foi o que aconteceu em maio do ano passado com as hashtags #TodosPorBolsonaro e #DireitaRaizEBolsonaro no Twitter. Elas fizeram com que, pela primeira vez, o Brasil entrasse no topo da lista de conteúdos disseminados por contas falsas.
Esse trabalho de rastreio é essencial para compreender o impacto dessas contas no discurso público (eleitores em geral e empresários), especialmente num momento de crise generalizada, como a que vive o Brasil.
Mas porque um exército de bots disparando uma mesma mensagem pode influenciar pessoas? Isso tem relação com o sentimento de pertencimento. Lembra que falei anteriormente sobre a inteligência artificial mostrar no seu feed prioritariamente as informações que de certa forma dialogam ou ratificam a sua visão de mundo?
Então, quanto mais você recebe esse tipo de informação, mais você valida o seu discurso e se fecha para os outros, ou seja, se fecha em sua bolha. O mesmo acontece no perfil dos candidatos, e burlar esse “efeito” é uma das principais missões da equipe de campanha dentro e principalmente fora do período oficial de campanha, afinal, este é um trabalho de longo prazo.
A utilização de bots também é uma forma de “multiplicar” a base aliada. Porém, esse número é falso, afinal, robôs ainda não têm direito a voto. Será? O que você acha?
Como você pode ver, a capacidade de transformação dos algoritmos é intensa e pode criar diversas bolhas em nossas relações sócio-digitais, sem falar do uso de bots. Por isso é preciso investir em uma equipe capaz de aprender e se adaptar a essas novas realidades e contextos, afinal, ao aprender o mecanismo de funcionamento de um único algoritmo, existem mais mil em transformação, e, a cada transformação, uma nova realidade se anuncia.
@AlekMaracaja
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