O uso de suplementos alimentares tem sido amplamente difundido no Brasil, nos últimos anos, especificamente entre praticantes de atividades físicas. No entanto, alguns cuidados são necessários ao se decidir por utilizar esses produtos, conforme observa a gerente-técnica de Inspeção e Controle de Alimentos, Água para Consumo Humano e Toxicologia da Agevisa Paraíba, nutricionista Patrícia Melo Assunção.
Os suplementos alimentares têm como função complementar a nutrição do organismo e podem fazer parte da dieta. No entanto, precisam atender as necessidades e individualidades daqueles se propõem a utilizar, sendo muito importante entender que o uso do suplemento será de fato um processo suplementar à dieta baseada no alimento, na comida de verdade. “Outro cuidado específico que se deve ter refere-se à segurança sanitária, à origem e à composição dos produtos”, acrescenta.
Considerando ser muito comum as pessoas confundirem suplemento alimentar com medicamento, Patrícia Assunção esclarece que tais produtos não são medicamentos e, por isso, não servem para tratar, prevenir ou curar doenças. “Os suplementos são destinados a pessoas saudáveis, e sua finalidade é fornecer nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos em complemento à alimentação”, enfatiza.
Atenção aos rótulos – A categoria de suplemento alimentar foi criada em 2018 para garantir o acesso da população a produtos seguros e de qualidade, em termos sanitários. Ao adquirir os vários tipos deste produto, segundo Patrícia Assunção, é importante observar origem, rótulo, e também verificar se de fato eles são autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em nenhuma hipótese o suplemento alimentar pode apresentar indicação de prevenção, tratamento ou cura de doenças, pois esse tipo de alegação é restrito aos medicamentos e precisa ser comprovado por meios específicos. No entanto, alguns rótulos trazem promessas milagrosas, e isto, conforme a gerente-técnica de Alimentos da Agevisa/PB, além de ser uma “indicação enganosa”, pode apontar outros perigos à saúde dos consumidores, como, por exemplo, a presença de substâncias não permitidas ou sequer avaliadas pelos órgãos competentes. Patrícia esclarece que o ato de observar e compreender a rotulagem de um suplemento alimentar é de extrema importância para a segurança do consumidor em relação ao produto que está sendo adquirido e que será utilizado.
Informações obrigatórias – Segundo Patrícia Assunção, os rótulos dos suplementos alimentares devem trazer, obrigatoriamente, o nome e origem do produto, prazo de validade, número do lote e indicação de uso com quantidade e frequência diária de consumo recomendadas para cada grupo populacional e faixa etária a que o suplemento se destina.
Além disso, devem conter advertências gerais e outras específicas que variam de acordo com a composição ou forma de administração; informações sobre restrição de uso (quando o produto não puder ser consumido por determinado grupo populacional); tabela nutricional com descrição das quantidades dos nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos; lista de ingredientes com todos os constituintes usados na formulação, e ainda declaração de presença ou ausência de alergênicos como glúten e lactose.
Outra questão importante, segundo Patrícia Assunção, é que o suplemento não pode alegar que substitui ou é superior a alimentos comuns, como frutas, verduras, carnes, leites etc. “Sempre que esse tipo de informação constar em determinado rótulo, deve-se desconfiar da segurança do respectivo produto”, alerta a nutricionista.
Riscos à saúde – A nutricionista Patrícia Assunção ressalta ainda os riscos associados à utilização dos suplementos alimentares, a maior parte deles relacionada a produtos irregulares, ou seja, que apresentam em sua composição substâncias que não foram avaliadas ou mesmo que já foram avaliadas, mas não estão permitidas em face de insuficiência de dados sobre sua segurança ou por haver evidências de danos à saúde.
“Alguns dos ingredientes utilizados em suplementos são sintéticos ou extraídos de fontes não alimentares. Por isso, é importante avaliar criteriosamente sua segurança antes de sua exposição ao consumo. E mesmo os ingredientes extraídos de fontes alimentares podem passar por processos de extração que concentram substâncias tóxicas”, observa a gerente de Alimentos da Agevisa.
Patrícia Assunção acrescenta que “os produtos regulares (elaborados conforme as regras) também podem apresentar riscos, se forem consumidos em quantidades acima do limite de segurança ou por grupos populacionais para os quais não estejam indicados”, e que, “além de ficar atento à indicação dos fabricantes, advertências, restrições, tudo presente na rotulagem, é de extrema importância que o consumidor procure orientação de um profissional devidamente habilitado”.
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