“Após 20 anos de espera para que o Estado brasileiro pudesse reconhecer a negligência do da elucidação do assassinato de minha mãe, foi preciso que um paraibano, um servo de Deus, chegasse à Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do governo federal, o Dr. Sérgio Queiroz, então Secretário Nacional de Proteção Global, para resolver o caso e a indenização a mim e a minha família. Sérgio Queiroz teve sensibilidade para tomar para si esse processo e só descansou quando foi encerrado em 2019”, declarou José de Arimatéia Alves, filho e testemunha ocular do assassinato de sua mãe, a sindicalista Margarida Maria Alves.
O depoimento do filho de Margarida Alves foi dado no evento “Mulheres que transformam o mundo”, realizado no HP Shopping, em João Pessoa, nessa semana, em alusão ao Dia Internacional da Mulher. Durante a sua fala no evento, José Arimateia Alves contou ainda, em tom emocionado, os seus dramas, traumas e privações sofridas após testemunhar o assassinato de sua mãe, em 1983, em frente à porta de sua casa, no município de Alagoa Grande.
NUNCA SAIU DA MEMÓRIA – “Eu era apenas uma criança quando presenciei aquela brutal assassinato com o tiro que desfigurou o rosto de minha mãe de uma espingarda calibre 12. Aquele tiro nunca mais saiu da minha memória. O Estado brasileiro ao ter feito essa reparação no ano de 2019 não tira as minhas dores e sofrimentos como filho, mas reconhece que foi negligente neste caso, por isso pediu uma espécie de perdão”, declarou Arimatéia, que mora atualmente em João Pessoa.
CASO ENIGMÁTICO E ESPECIAL – Para o procurador da Fazenda Nacional, Sérgio Queiroz, pré-candidato ao Senado pelo PRTB, tomar para si o caso de Margarida Maria Alves para resolver um dos mais enigmáticos casos da Paraíba e do Brasil, que se arrastava há décadas em cortes internacionais, como foi o caso da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), foi muito especial.
“Por ser paraibano, tive a oportunidade de falar em 2019 com Arimateia Alves e dizer, pessoalmente a ele, que assumiria mais de perto o caso para buscar uma solução, como então Secretário Nacional de Proteção Global, até o seu desfecho final. É bom lembrar que esse caso se arrastou por décadas, nas mãos de governos de diversas matizes ideológicas, mas não foi resolvido. Contudo, quando estive representando o Estado brasileiro na corte internacional assumi essa missão e priorizei para que chegasse ao fim, fazendo a reparação simbólica do Estado e o pagamento de uma indenização ao filho de Margarida Maria Alves. Como cidadão, cristão e procurador continuarei lutando contra qualquer tipo de violência e de crimes contra os direitos humanos”, declarou Sérgio Queiroz.
REPARAÇÃO SIMBÓLICA – No dia 25 de outubro de 2019, houve a solenidade de Reparação Simbólica à Memória de Margarida Maria Alves do Estado brasileiro, no auditório da Justiça Federal, em João Pessoa. O evento marcou, publicamente, o encerramento do Caso 12.332, como ficou conhecido internacionalmente o assassinato da sindicalista paraibana na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), após 36 anos de sua morte e de quase 20 anos de tramitação na corte internacional, com a presença de José Arimateia Alves, o então secretário Nacional de Proteção Global, Sérgio Queiroz, e da ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
QUEM FOI MARGARIDA MARIA ALVES? Símbolo da luta pelos direitos dos trabalhadores rurais, Margarida Maria Alves, que nasceu em Alagoa Grande, Brejo Paraibano, foi a primeira mulher presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e uma das primeiras mulheres a exercer um cargo de direção sindical no país, além de lutar pelos direitos dos trabalhadores do campo. As suas principais metas de seus 12 anos de gestão no Sindicato foram o de garantir o registro dos trabalhadores com carteira de trabalho, a jornada de 8 horas de trabalho diário, pagamento do 13° salário, férias e demais direitos para os trabalhadores do campo, pois era uma mulher sem medo, que denunciava as injustiças. A líder sindical lutava pelos direitos básicos dos trabalhadores rurais. A sua história inspirou a Marcha das Margaridas, que foi criada em 2000. Margarida Maria Alves foi assassinada por um matador de aluguel em 12 de agosto de 1983, aos 50 anos de idade, na porta de sua casa em Alagoa Grande (PB).
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