Um dos mais escandalosos casos envolvendo figuras de proa do poder e que já cumpriu pelo menos mais de uma década de apurações pela imprensa e investigações pelos órgãos competentes, está com data para ser julgado. e e mais desmoralizantes na Paraíba. Após anos de “esquecimento”, o rumoroso caso do propinoduto será finalmente julgado. Pelo menos pauta já foi solicitada pelo juiz José Guedes Cavalcanti Neto (4ª Vara Criminal), para julgar o feito em 13 de julho próximo, a partir das 9 h.
O caso remonta a junho de 2011, quando, durante uma blitz, policiais detiveram um veículo conduzido por um servidor do Estado, conduzindo uma mala com dinheiro. Dentro da mala foram encontrados, além do dinheiro, bilhetes sinalizando a divisão do butim com os ex-secretários Gilberto Carneiro, Livânia Farias e Laura Farias, além de Coriolano Coutinho.
O processo foi “resgatado” apenas em 2019, quando, durante uma delação, a ex-secretária Livânia Farias revelou detalhes do escândalo, o que levou o Gaeco a inserir o caso no âmbito da Operação Calvário.
O dinheiro da propina seria, conforme as investigações, resultado de um esquema que promoveu um rombo considerável na prefeitura de João Pessoa, com a contratação de escritórios de advocacia no Recife. Na sequência, o Ministério Público protocolou denúncia para que os envolvidos devolvam, num primeiro momento, R$ 7,751 milhões ao erário.
O caso – Durante a realização de uma blitz de rotina, em junho de 2011, policiais mandaram um motorista parar para averiguações. De forma inesperada, ele tentou evadir-se, mas não conseguiu furar o cerco policial, e acabou detido. Era Rodrigo Lima da Silva.
Dentro de um veículo, os policiais encontraram R$ 81 mil, em espécie. O dinheiro tinha sido sacado numa agência do Banco do Brasil, em Recife. Junto, os policiais encontraram um papel branco com as seguintes marcações: G – 28.000,00; L – 10.000,00; C – 39.000,00; Dra. Laura 4.000,00. Somando, totalizava precisamente… R$ 81 mil.
Conforme documento protocolado pelo Forum dos Servidores da Paraíba junto ao Ministério Público, o “G” seria de Gilberto Carneiro (procurador geral do Estado, “L ” de Livânia Farias (secretária de Administração), “C” – Coriolano Coutinho (Irmão do governador) e Dra. Laura (Farias), então superintendente da Sudema.
O inquérito policial foi misteriosamente arquivado, e fisicamente destruído, por isso o caso só agora é esclarecido com a denúncia do Gaeco, que indica o dinheiro como sendo uma das remessas de propinas pagas por Bernardo Vidal.
Doação – O detalhe é que, durante a campanha eleitoral, dados do Tribunal Regional Eleitoral sinalizam que, dois dos quatro auxiliares citados na denúncia, Coriolano (irmão do governador Ricardo) e a superintendente das Docas de Cabedelo, Laura Farias, fizeram doações à campanha do governador, candidato do PSB. Lauro doou R$ 1,5 mil, enquanto Coriolano fez duas doações, que totalizaram R$ 24 mil.
Arquivado – Em setembro de 2015, a promotora Ana Maria França Oliveira mandou “apurar o motivo pelo qual o ex-secretário-executivo do Estado, Dr. Raymundo José Araújo Silvany, determinou o arquivamento do procedimento, na apreensão de R$ 81.000,00, por falta de ausência de fato típico enquadrado em lei como crime…”
Destruição de provas – Após a apreensão do dinheiro, o grupo teria agido para apagar provas, conforme as investigações do Gaeco. Gilberto teria acionado Vandalberto, que ocupava cargo de assessor especial da Procuradoria-Geral do Município, para no dia 4 de julho de 2011 assinar o termo de entrega de objetos e documentos pertencentes ao motorista do veículo onde estava o dinheiro.
O celular teria sido, segundo revelado por Livânia Farias em delação, desviado” porque o condutor do veículo, proprietário do aparelho, o teria utilizado para contatar Gilberto Carneiro logo após a abordagem da Polícia Civil.”