Por Alek Maracaja
A menos de uma semana do pleito que irá eleger o futuro presidente da nação, não se fala em outra coisa. Mas se engana quem pensa que eu estou falando de política. Neste segundo turno das eleições de 2022, o assunto que não sai de pauta são as fake news. E, nos últimos 15 dias, você com certeza já foi impactado por alguma delas.
Seja nos canais de TV, nos grupos de whatsapp, nas redes sociais ou até mesmo nas entrevistas com os presidenciáveis, sempre há um ar de “falseamento” no ar. Mas, para começar, vamos entender um pouco sobre como tudo isso começou.
O termo fake news ganhou ampla notoriedade a partir de 2017, atrelado ao conceito de pós-verdade que, em linhas gerais, pode ser entendido como um adjetivo caracterizado pela ideia de que fatos objetivos têm menos poder de influência na formação da opinião pública do que apelos à emoções ou crenças pessoais. Mas foi com a chegada da pandemia e o crescimento da frequência e do volume de uso da internet e das redes sociais que as fake news se consolidaram no mercado da informação.
Dados do Reuters Institute apontam que 54% dos brasileiros entrevistados evitam ler notícias, número duas vezes maior que o registrado em 2017 (27%). Outro dado relevante, ainda de acordo com a pesquisa, é que o número de brasileiros que passaram a usar as redes sociais como principal fonte de notícias saltou de 47% em 2013 para 64% em 2022.
E, ao passo que mais da metade dos brasileiros deixa de ler os canais oficiais de informação, canais como Instagram, TikTok e Whatsapp passam a ser os principais provedores de informação. Além disso, essa comunicação que se espalha sorrateiramente por meio de links pouco confiáveis acaba indo parar na mão e na boca de influenciadores digitais, o que acaba colaborando para a aceitação da notícia falsa como verdade.
E não precisa ser um influencer com milhões de seguidores, basta que a fake news chegue a um líder comunitário, religioso ou um chefe de família confiável. A partir daí, o céu é o limite. E por falar em falta de limite, o poder judiciário brasileiro e de outros países vêm tentando desenvolver alternativas para frear o avanço da criação e propagação de notícias falsas.
Além da parceria entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as principais plataformas digitais (Twitter, TikTok, Facebook, Kwai, WhatsApp e Google), renovada em fevereiro, o TSE decidiu aprovar uma resolução que dá mais poder ao tribunal para derrubar fake news. A decisão surge na reta final das eleições de 2022 e dá ao tribunal o poder de remover todas as publicações idênticas às que já tenham sido julgadas falsas, sem necessidade de novas ações judiciais.
Mas não será uma tarefa fácil. De acordo com dados da pesquisa TIC Domicílios, realizada anualmente pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), 81% da população brasileira acessou a internet em 2021 e 82% das casas estão, de alguma forma, conectadas à internet.
Já dados da pesquisa Statista apontam que a taxa de penetração do uso de mídias sociais entre usuários de internet no Brasil em 2022 chega a 74,6%. Essas duas pesquisas apontam para o crescente aumento no uso da internet e das redes sociais no Brasil, o que torna o trabalho de controle das fake news quase impossível, especialmente quando o celular ainda é a forma mais comum de conexão.
Resta a nós, consumidores e criadores de informação, jornalistas, donos de veículos ou simples compartilhadores a responsabilidade de checar as informações antes de repassá-las a quem quer que seja, sob pena de contribuir para uma onda de notícias falsas que criam uma realidade transmutada, que pode até mascarar, mas não é capaz de mudar nenhuma realidade, principalmente em tempos de eleição.
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