A economia brasileira e os seus desdobramentos no modelo político e social estão em alta nas discussões de amigos e familiares. Após um turbulento período eleitoral, chegou a hora de debater quais são as possíveis saídas de uma economia em crise. Na manhã desta quinta-feira (3), economistas de várias regiões do Brasil analisaram propostas para compor um documento que será entregue aos governadores e também ao poder executivo federal, na figura do recém-eleito presidente Luís Inácio Lula da Silva.
No debate, o tema central foi o teto de gastos do governo federal, que na opinião dos economistas, já não possui mais vitalidade e concretude de funcionamento. “ A medida do teto de gastos deve ser revista pelo novo governo e, aqui nas nossas discussões, analisamos a composição do congresso, as possibilidades que o novo presidente teria para aprovar medidas que dessem sustentação financeira e fiscal ao país. Entendemos que política econômica visando o desenvolvimento deve ser feito, porém incluindo os menos favorecidos no orçamento, prestando atenção à politicas voltadas para o meio ambiente e à questão previdenciária”, destacou Róridan Penido Duarte, economista e integrante do Conselho Federal de Economia.
O assunto tem sido debatido dentro do XXVII SINCE, que está sendo realizado até a próxima sexta-feira (4), no auditório da Uninassau, em João Pessoa. O evento conta com grupos de trabalho dedicados a discutir sobre a formação profissional e mercado de trabalho, à modernização do Sistema Cofecon/Corecons e à estrutura e conjuntura econômica, política e social do Brasil.O evento recebe em torno de 350 participantes de 23 estados, entre profissionais, estudantes e professores de Ciências Econômicas.
André Paiva Ramos, diretor do Sindicato dos Economistas de São Paulo, afirma que os maiores desafios do novo governo serão econômicos e orçamentários, principalmente para viabilizar a continuidade do auxílio de R$ 600 aos mais carentes e também efetivar políticas públicas que mexam com o mundo do trabalho, já que as relações trabalhistas estão frágeis, gerando um modelo pautado na precarização.
“É importante rever a politica do teto de gastos, quais são as opções que se tem para enquadrar os menos favorecidos no orçamento. Temos que rever o PIB e iniciar algumas políticas que ajudem a retomar o desenvolvimento: rever a politica industrial, mais que nunca deve-se pensar em uma economia voltada para o meio ambiente, como foco no que já se chama de “economia verde”, e claro, estabelecer métodos para fortalecer o mercado de trabalho, diminuindo a sensação de precarização”, finalizou.
*Painéis Temáticos*
Nesta sexta-feira (4), o evento terá como principal atração os painéis temáticos. Um dos mais aguardados será o painel temático “O Legado de Celso Furtado como fonte de inspiração nas formulações de políticas de desenvolvimento em níveis regional e nacional”, e trará não só a homenagem ao paraibano, como também reflexões em torno do pensamento do economista, já que a obra de Celso Furtado serve como referência para estratégias alternativas ao “modelo único” de desenvolvimento e revela a necessidade de se debater economias periféricas e dependentes, que trazem à tona situações como: concentração de renda, desigualdade social e o não atendimento das necessidades básicas da grande parte da população.
O painel terá a presença do filho de Celso Furtado, André Furtado e também da viúva, Rosa d’Aguiar; O segundo painel será uma proposição da construção da Agenda de Desenvolvimento do Nordeste; e o terceiro sobre o debate na formação continuada da Mulher Economista – superando obstáculos e criando perspectivas para o desenvolvimento.
Carta de João Pessoa
Ao final do evento, será formulada e lida a Carta do XXVII SINCE, ou a Carta de João Pessoa, com a síntese do pensamento dos profissionais sobre as necessidades e propostas para o país.
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