O dólar teve nova queda nesta sexta-feira (4), com os investidores repercutindo a divulgação de dados de emprego nos Estados Unidos, os resultados da Petrobras e o avanço nas negociações para a transição do governo.
A moeda americana recuou 1,29%, vendida a R$ 5,0590. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,0233. Veja mais cotações.
Na primeira semana após as eleições presidenciais, o dólar chegou ao menor valor desde 29 de agosto (R$ 5,0329) e acumulou queda de 4,56%.
Na quinta-feira (3), o dólar subiu 0,13% e fechou o dia vendido a R$ 5,1253. Com o resultado de hoje, a moeda acumulou queda de 2,06% no mês e de 9,25% no ano frente ao real.
O que está mexendo com os mercados?
O mercado financeiro reagiu bem aos primeiros fatos políticos após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para seu terceiro mandato. As negociações para transição de governo começaram a caminhar, enquanto a possibilidade de contestação de resultados minguou, dando mais segurança aos investidores.
“A partir de agora, o que ganha importância para o mercado é a indicação de quem será o futuro Ministro da Economia. Os agentes econômicos aguardam se o nome será de um político ou de um técnico e isso será determinante para a direção dos ativos nas próximas semanas”, diz Gabriel Cunha, especialista em mercados internacionais do C6 Bank.
No cenário político, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), encontrou-se nesta quinta-feira, no Palácio do Planalto, com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, no que foi a primeira reunião para tratar da transição para o governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Alckmin foi escolhido por Lula para coordenar a equipe de transição. Ciro, por sua vez, chefia os trabalhos pelo lado do governo Bolsonaro. O vice-presidente informou que nomes da equipe de transição devem ser anunciados a partir da próxima segunda-feira (7).
Como mostrou o blog da Andréia Sadi, o terceiro governo de Lula (PT) deve começar sem a figura de um superministério — como ocorre com a pasta da Economia na gestão de Jair Bolsonaro (PL). Terá, por outro lado, uma vice-presidência empoderada. Alckmin será nome forte do governo e terá influência direta, por exemplo, na Economia e no Ministério da Defesa.
Integrantes da campanha de Lula defendem, inclusive, que Alckmin venha a comandar uma dessas pastas. Mas, mesmo que isso não venha a ocorrer – ele é resistente à ideia –, os nomes escolhidos vão passar pelo crivo do vice-presidente eleito.
Para a Economia, por exemplo, assessores de Alckmin defendem o nome de Pérsio Arida, um dos criadores do Plano Real. Arida declarou voto em Lula em 2022 e não descartou integrar o novo governo do petista.
Em contrapartida, o PT ficaria com o Ministério do Planejamento, que é responsável pela execução do Orçamento da União. Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e candidato derrotado ao governo de São Paulo, é cogitado para ocupar a pasta.
No exterior, o dia nos mercados globais é mais positivo nesta sexta, o que gera um maior apetite a risco – ou seja, os investidores tendem a investir em outros ativos além daqueles considerados mais seguros, como é o caso do próprio dólar e dos títulos públicos dos EUA. Assim, moedas de outros países ganham força contra a moeda americana, como o real.
Nos EUA, investidores repercutem os números do payroll, o relatório de empregos mais importante do país. O desemprego cresceu 0,2% na maior economia do mundo em outubro, chegando a 3,7%. No entanto, foram criadas 261 mil vagas de trabalho, acima das expectativas do mercado, que apontavam para cerca de 200 mil novos postos.
Na China, notícias positivas sobre o controle dos casos de covid-19 também ajudam a animar os investidores. De acordo com informações da Reuters, o ex-epidemiologista-chefe do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças afirmou que, em breve, o país terá mudanças na política de covid zero.
Com melhores perspectivas para a economia chinesa, que um dos principais países demandantes de diversos produtos do mundo, o petróleo e o minério de ferro operam em alta nesta sexta, o que também beneficia o Brasil, segundo especialistas.
Como o país é um importante exportador de commodities, algumas das maiores empresas brasileiras listadas em bolsa são exportadoras e ganham atratividade em momentos de valorização dos produtos no exterior. Assim, mais investidores internacionais alocam seus recursos nesses papéis, gerando uma variação positiva para a moeda nacional.
G1 Economia
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