Sérgio Cabral e a volta da certeza de que o crime compensa no Brasil; por Ivandro Oliveira

O crime no Brasil, infelizmente, compensa! O registro histórico da soltura do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, ontem, isso do alto de sua condição de condenado a penas que ultrapassam a centenas de anos de reclusão em 24 processos criminais, com outros 13 pendentes, tendo ele confessado as graves práticas corruptas, é o atestado mais eloquente que este país nunca dará certo.

Sérgio Cabral foi um dos símbolos de uma trajetória de maus feitos da nossa classe política e era considerado o último dos moicanos da saga empreendida pela Operação Lava Jato, que dividiu o combate à corrupção em antes e depois dela. Solto ontem, o ex-governador, de inicio, negava as acusações, mas dois anos depois da prisão preventiva,decidiu confessar seus crimes, admitindo receber 5% de propina (a chamada “taxa de oxigênio”) dos grandes contratos que celebrara nos 2 mandatos em que governou o Estado do Rio de Janeiro, de 2007 a 2014.

O homem que protagonizou episódios fatidicamente memoráveis, como a farra dos guardanapos, deixa a prisão sob as bênçãos do Supremo Tribunal Federal (STF), a corte responsável por sepultar a Operação Lava Jato, responsável pela prisão desse e de outros ilustres personagens da crônica político-policial tupiniquim.

Cabral ficou preso por seis anos e com certeza inexorável jamais retornará ao cárcere mesmo tendo quatrocentos anos de penas a cumprir, onde os excluídos apodrecem sem assistência judiciária. Essa é a conclusão que tiramos de mais um malfadado capítulo dessa tenebrosa história escrita e encenada pela Corte Constitucional do País.

É dessa forma que o Brasil volta no tempo, revivendo uma sina bem peculiar ao tempo pretérito à Lava Jato e sua ousada missão de mudar o  curso da história, quando o país começou a testemunhar o encarceramento de gravatudos de todos os tipos matizes, de felpudos empresários a ex-presidente da República.

Bom, enfim, esse tempo passou, ou melhor, morreu, e o país do futuro que nunca chega volta a ser a nação que só prende pobres, negros e desvalidos.