O relógio raro destruído por terroristas que invadiram o Palácio do Planalto, neste domingo, é uma peça única. De acordo com a Presidência da República, o autor da obra tem apenas mais um exemplar, que está exposto no Palácio de Versalhes, em Paris.
O Planalto informou que “o relógio de pêndulo do Século XVII foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI”. A peça veio para o Brasil com a família real portuguesa, em 1808.
O relógio foi fabricado pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot – há uma assinatura dele gravada na máquina – com design de André-Charles Boulle. Ambos atendiam a corte de Luís XIV, na França, apelidado de “o Grande” e “Rei Sol”.
O exemplar exposto em Versalhes, entretanto, “possui a metade do tamanho da peça que foi completamente destruída pelos invasores do Planalto”, segundo a Presidência da República.
Relógio de Balthazar Martinot exposto no Palácio de Versalhes, em Paris — Foto: Divulgação/Palácio de Versalhes
O site do palácio francês traz detalhes sobre o trabalho de Martinot. Ele era um dos mais famosos relojoeiros da época de Luís XIV e pertencia a uma dinastia de construtores de relógios.
“Ele é Relojoeiro-Ordinário do Conselho do Rei e duas vezes eleito Visitador da Guarda da Comunidade dos Mestres Relojoeiros de Paris. Sua atividade é muito importante e sua clientela de prestígio”, informa Versalhes.
Há ainda informações sobre o designer da obra: “Sabemos que ele usa notavelmente caixas muito bonitas de André-Charles Boulle. Tanto pela modernidade do design da caixa como pelo grau de riqueza, percebemos que este modelo de caixa é relativamente simples na produção da época”.
‘Valor fora de padrão’
Considerado raro, o relógio ficou desfigurado depois da passagem de centenas de golpistas pelo Palácio do Planalto. Os ponteiros e números foram arrancados. E uma estátua de Netuno que ornamentava o topo da peça foi arrancada.
Em 2012, o relógio havia passado por uma restauração depois de ter sido resgatada de um depósito do governo federal. Quando a peça foi encontrada, havia uma fenda na parte superior e faltava a estátua de Netuno.
Naquela altura, o objeto foi avaliado em cerca de R$ 250 mil. O governo federal, no entanto, publicou nota nesta segunda-feira dizendo que “o valor desta peça é considerado fora de padrão”.
O Globo
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