A IV Conferência Municipal de Cultura (CMC), realizada pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) e Conselho Municipal de Cultura, foi encerrada neste domingo (22) com a eleição dos nove delegados e seus suplentes que vão participar da Conferência Estadual de Cultura. O evento aconteceu no Centro Escolar Municipal de Atividades Pedagógicas Integradoras Arthur da Costa Freire (Cemapi), reunindo artistas, produtores culturais e outros profissionais da cultura.
“Nós, da Funjope e da Prefeitura de João Pessoa, ficamos extremamente felizes com o resultado da Conferência Municipal de Cultura pela representatividade que o evento teve. Todos os segmentos estiveram presentes de maneira organizada. Conseguimos fazer um documento final muito forte com propostas para o avanço da nossa política de cultura no município e propostas para o próprio Sistema Municipal de Cultura”, declarou o diretor executivo da Funjope, Marcus Alves.
Ele afirmou que só temos a agradecer às pessoas envolvidas, à equipe da Funjope, aos conselheiros e conselheiras do Conselho Municipal de Cultura que ajudaram nesses últimos meses na formatação da Conferência. “Nós saímos com um resultado extremamente positivo por conta desse espírito integrador e congregador que a Conferência teve. É a primeira que estamos realizando num espaço de tempo de dez anos. Por isso, é muito simbólico que a Conferência tenha essa força”, ressaltou.
Marcus Alves lembra da entrada de novas questões, novos temas, novas formas de organização social e artística da comunidade cultural de João Pessoa, a chegada de novos protagonistas, novos sujeitos dessa história cultural. “Nós estamos fazendo uma renovação, uma ponte entre as diversas gerações, uma geração que tem uma contribuição histórica importante de todos os movimentos culturais, e uma nova geração que está chegando e que está tentando se inserir e nos ajudando a construir essa política”, acrescentou.
Delegados – Os delegados eleitos são: Movimento indígena, titular Yarubedzé Kariri Ayby Ità-áimbé, e o suplente Givanildo Manoel da Silva; Movimentos Ballroom e LGBTQIAPN+, titular Gabriella Kollonta e suplente Ricardo Alecsander; Artes cênicas, titular Caio Ceragioli, do teatro e Michela Lima, da dança; Culturas populares, Edson Pessoa dos Santos titular e Jardel Cabral Fagundes suplente; Povos de terreiro, titular Maria da Luz da Silva (Mãe Penha de Iemanjá) e suplente Joebson Rodrigues Silva (Pai Pequeno Joebson de Oyá); Movimento negro, Fernanda Ferreira titular, e José Yago Silva de Araújo (Vulto) suplente; Conselho Municipal de Cultura, titular Felipe Santos e Rossana Holanda, do Fórum dos Povos e Comunidades Tradicionais, como suplente. No segmento governamental, Marcus Alves, como titular, Karina Espínola e Yroska Santos como suplentes.
“Eu sempre referencio todos os agrupamentos em que resolvemos nos juntar para fazer e discutir população preta, de terreiro, LGBTQIAPN+, populações que estão chegando agora dentro dos fóruns, dos espaços de conferência. É de extrema importância que tenhamos esse olhar”, afirmou Andreina Gama, presidente da Associação de Pessoas Travestis e Transexuais e coordenadora nacional de Políticas Públicas da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), membro da coordenação da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis (ABGLT).
“Na Paraíba, nós discutimos, convergimos, divergimos, mas lutamos por um momento que seja de igualdade racial, de gênero, orientação, todas essas políticas que as pessoas chamam erroneamente de minoria, minorias de direito. Tenho que ressaltar que a cultura já salvou muito a minha população. Então, eu preciso referendar cada vez mais que todas as pessoas que estão na gestão da cultura têm um papel primordial para salvar a minha população da exclusão, da rua, da droga. Esse é um olhar de quem não chegou no movimento agora, estou há 33 anos, e quando vemos uma conferência com toda essa diversidade, nós dizemos que o Brasil avançou”.
Fernanda Ferreira, ativista dos movimentos sociais de negros e negras em João Pessoa, que atua no Fórum de Artistas Pretos, Pretas e Pretes, representou este segmento na CMC e foi eleita como delegada. “A Conferência, para mim, é esse espaço democrático em que nós artistas, trabalhadores da cultura, podemos construir junto com o poder público as propostas para melhoria das políticas públicas. É um momento importante porque estamos em nível nacional com um governo que se propõe a fazer essa reconstrução”.
Mãe Penha de Iemanjá, presidente da Federação dos Cultos Afro-brasileiros, também foi eleita delegada, representando a Umbanda e o movimento da Umbanda. “Fazer parte dessa Conferência é muito importante porque aprendemos cada vez mais. A Prefeitura realizando um evento desse é um aprendizado para cada um. A cultura, junto com toda religião, principalmente a umbanda, está de parabéns porque sabemos que somos bem-vindos também. Para mim, é uma satisfação”.
O Xamã João Irineu Potiguara, que reside na comunidade do Porto do Capim e na Aldeia Acaju Tibiró, na Baía da Traição, ressalta que a CMC tem uma relevância muito grande, especialmente porque na última década, houve um aumento da população indígena em João Pessoa, mas que, em sua percepção, ainda está invisibilizada.
“É importante nossa presença indígena. É uma riqueza da diversidade cultural da cidade, no âmbito da política de cultura, estar sendo contemplada, discutida para a construção do Plano Municipal de Cultura, além das propostas que elaboramos nos grupos de trabalho para a Conferência Estadual, como também diretrizes para uma política nacional de cultura que deve contemplar todos os segmentos da pluralidade da sociedade. Na língua do meu povo, o povo tupi, eu quero agradecer. Gratidão imensa, na língua tupi potiguara, Katú é té”.
A Conferência Municipal de Cultural começou na sexta-feira (20) e contou com a presença do Cassius Antônio da Rosa, secretário executivo adjunto do MinC, e da representante do escritório do MinC na Paraíba, Rejane Nóbrega, na abertura do evento.
O que é – A Conferência Municipal de Cultura é parte fundamental do trabalho de planejamento para médio e longo prazo e base para retomar a implantação e o fortalecimento do Sistema Nacional de Cultura. É o momento de formular as políticas de cultura para o país, discutindo o direito à cultura, o marco regulatório da cultura, as leis de fomento e toda a política geral de cultura para o país. O principal objetivo é coletar e debater as diretrizes para as políticas públicas de cultura em João Pessoa, na Paraíba e no Brasil para os próximos dez anos. etapa nacional para março de 2024. A etapa nacional acontece em março de 2024.
O processo tem a contribuição do Conselho Municipal de Cultura e de representante do Ministério da Cultura (MinC) na Paraíba, e é uma oportunidade para a comunidade de artistas e para os profissionais da cultura definirem as linhas da cultura para o futuro.
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