A Procuradoria-Geral da República pediu o afastamento imediato do governador do Acre, Gladson Cameli (PP), do cargo. Ele, a mulher, dois irmãos e um grupo de servidores públicos e empresários são acusados de participar de um esquema de desvio de dinheiro dos cofres estaduais, que gerou prejuízo de ao menos R$ 11,7 milhões.
A ministra Nancy Andrighi, relatora do caso no Superior Tribunal de Justiça, retirou o sigilo do processo. Cameli permanecerá no cargo até que a denúncia seja aceita.
Os acusados podem responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção (ativa e passiva), peculato, lavagem de dinheiro e fraude a licitação. Somadas, as penas por esses crimes podem chegar a 40 anos de prisão.
As investigações fazem parte da Operação Ptolomeu, deflagrada pela Polícia Federal em 2021. À época, os policiais encontraram indícios de desvios de dinheiro que beneficiaram o governador, como compra de carros de luxo, terrenos em condomínios fechados e um apartamento avaliado em R$ 6,1 milhões, em São Paulo.
De acordo com a PGR, os desvios começaram em 2019, quando o governo estadual aderiu a uma licitação vencida pela empresa Murano Construções, de Brasília, para embasar a contratação da mesma companhia para fazer obras no Acre.
Depois de assinar contrato com o governo local, a empresa subcontratou a Rio Negro Construções, que tem como um dos sócios Gledson Cameli, um dos irmãos do governador.
A PGR afirma que o objetivo do modelo adotado pela Murano era ocultar a participação da empresa de Gledson na execução das obras, o que é contra a lei. Além disso, quase dois terços do valor pago à Murano foram gastos com itens estranhos ao contrato, o que para a PGR demonstra “claro desvirtuamento do princípio da isonomia”.
Ainda conforme a PGR, há indícios de que houve sobrepreço de, ao menos, R$ 8,8 milhões e superfaturamento de R$ 2,9 milhões nos serviços.
Além do governador, a PGR pediu que os demais servidores públicos supostamente envolvidos no esquema também sejam afastados. Houve também o pedido de bloqueio dos bens dos investigados.
Rombo pode ser maior
A PGR acredita estar diante de uma organização criminosa sofisticada, cujos desvios de dinheiro público podem chegar a R$ 150 milhões. A denúncia apresentada na terça-feira, não significa o fim da investigação. Por isso, os procuradores decidiram não divulgar a íntegra da petição encaminhada ao STJ: o documento contém informações sigilosas, que podem ser usadas em outras denúncias.
Em nota, o governador reafirmou “sua confiança na justiça, mantendo-se à disposição para quaisquer esclarecimentos, bem como permanece cumprindo suas obrigações como chefe do Poder Executivo do Estado do Acre”. Ele e os demais investigados têm negado as acusações.
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