O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) substituiu o termo ‘aglomerados subnormais’ por ‘favelas’ e ‘comunidades urbanas’ para designar essas comunidades carentes. A mudança, conforme a presidente da Central Única das Favelas (CUFA), Kalyne Lima, foi resultado de uma provocação da entidade.
“Esta é uma mudança provocada pela Central Única das Favelas (CUFA). Nós lançamos, em 2023, o Programa Favela no Mapa, junto ao IBGE. Inclusive, eu estive em Heliópolis junto com a ministra (do Planejamento e Orçamento do Brasil) Simone Tebet, lançando esse programa”, destacou.
Kalyne afirmou que, em parceria com o IBGE e várias lideranças de favelas do Brasil inteiro, a CUFA auxiliou para que, nas pesquisas, os recenseadores tivessem acesso aos territórios de favela do Brasil inteiro.
“Depois desse movimento para que as favelas entrassem no mapa das pesquisas do IBGE, nós propusemos vários seminários, vários órgãos da sociedade civil como um todo justamente para discutir o termo porque aglomerado subnormal era algo que questionávamos porque entendíamos que era muito pouco esclarecedor, inclusive na perspectiva de pautar políticas públicas”, argumentou.
Ela disse que, a partir dessa provocação feita de forma ostensiva e continuada, já que há muitos anos a CUFA questionava essa terminologia, finalmente houve essa abertura, o diálogo e a ressignificação do termo pautando, assim, políticas públicas de forma mais efetiva para todos os territórios de favela, comunidade. Para Kalyne, talvez assim as políticas públicas sejam mais assertivas e efetivas no Brasil inteiro.
A presidente da CUFA disse entender que um território de favela é um território que carrega em si vários estigmas, porque de fato existe nesse território pobreza, violência, desigualdade social, desemprego decorrente, justamente de uma injustiça social provocada por toda a sociedade e não pelas pessoas que lá vivem.
“Claro que o poder público é o principal responsável na promoção de política pública que transforma a realidade socioeconômica da sua população. No entanto, a sociedade civil organizada, as empresas privadas, enfim, todo mundo que vive nesse país e que, portanto, é cidadão, cidadã, tem o seu voto e a sua contribuição, paga seus impostos, é responsável pela manutenção desse estado brasileiro”, observou.
E acrescentou: “Quando falta alimento na casa de uma pessoa não é um problema só de quem não tem o que comer. Também é um problema daquele que faz a sua feira tranquilamente. Então, enquanto não entendermos que somos uma única nação e que se não promovemos a justiça social, vamos compartilhar todos os desafios que a pobreza gera, vamos continuar sendo um país que enfrenta o colapso ao mesmo tempo em que vamos gerando o colapso”, concluiu.
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