O Instituto Cândida Vargas (ICV), que faz parte da rede hospitalar da Prefeitura de João Pessoa, presta um serviço humanizado as mulheres vítimas de violência sexual. Nos últimos cinco anos, esse percentual de atendimento vem oscilando, sendo registrado o maior número em 2022, com 213 casos.
Os dados foram apresentados nesta sexta-feira (26), durante reunião, onde também foram evidenciados os perfis das vítimas, as medidas preventivas e os procedimentos para as pacientes em situações de violência. Segundo esse levantamento, em 2019 foram 152 casos, seguido com uma diminuição em 2020, com 143 vítimas. Em 2021 os números voltaram a crescer e somaram 159 casos. Em 2022 o aumento foi mais alarmante, chegando a 213 mulheres que sofreram violência. Em 2023 houve uma queda, sendo registrados 207 casos.
De acordo com Dolores Suassuna, coordenadora médica do ICV, o trabalho da equipe é ser o porto seguro para todas as mulheres que buscam auxílio diante da violência. “Aqui, as portas estão sempre abertas, 24 horas por dia, para oferecermos suporte imediato. Também reforçamos nosso compromisso ao proporcionar atendimento pós-urgência por seis meses, garantindo que as vítimas recebam a assistência necessária, incluindo exames que visam identificar e tratar possíveis sequelas. Estamos aqui comprometidos em ser a voz e a mão estendida para quem precisa”, ressaltou.
Ainda segundo os dados, as mulheres adultas, especialmente na faixa etária de 20 a 34 anos, lideram em número de atendimentos, alinhando-se com dados nacionais. A faixa de 10 a 14 anos ocupa o segundo lugar, relacionada ao estupro de vulnerável.
A psicóloga e coordenadora multiprofissional do Instituto Cândida Vargas, Sandra Garcia, ressaltou a importância do processo de atendimento a essas mulheres. “Nosso compromisso é proporcionar um ambiente de acolhimento e atenção integral. O aumento de atendimentos reflete a necessidade urgente de conscientização. Estamos focados em oferecer não apenas cuidados médicos, mas também da equipe multidisciplinar e o trabalho em conjunto com os dispositivos da rede de proteção, visando à segurança e o acolhimento das mulheres que nos procuram”, reforçou.
Sandra Garcia explica também que passando pela unidade de testagem (teste rápido e exames laboratoriais), as pacientes são encaminhadas para a sala de acolhimento, onde uma equipe interdisciplinar, composta por médico, psicólogo, assistente social e enfermagem, realiza uma escuta simultânea. Esse processo identifica cada caso e determina os encaminhamentos necessários.
A profissional enfatiza que se a mulher sofre abuso sexual até 72 horas antes do atendimento, é feita profilaxia com um coquetel de medicações como forma de prevenção das ISTs e gravidez indesejada. Após o atendimento hospitalar, a usuária fará acompanhamento médico e psicossocial ambulatorial por seis meses no ICV.
Se estiver grávida proveniente de estupro, a gestante poderá escolher fazer o pré-natal no ambulatório do ICV, podendo ainda optar em ficar com o RN ou fazer a doação mediante fluxo do projeto ‘Entrega Protegida’. Caso esteja até 20 semanas de gestação, terá direito ao aborto legal, previsto em lei. Sendo adolescente, a sequência do atendimento será no Hospital Arlinda Marques, que é da rede estadual.
A coordenadora explicou que embora a classificação de risco do Ministério da Saúde para as mulheres que sofreram violência seja considerada laranja, no ICV utiliza-se a classificação vermelha, visando minimizar a exposição da paciente e agilizar o processo.
Registros dos atendimentos às mulheres vítimas de violência:
Ano – total de atendimentos
2019 – 152 casos
2020 – 143 casos
2021 – 159 casos
2022 – 213 casos
2023 – 207 casos
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