Cercados por vários tipos de frutas, os irmãos Abraão e Ezequias Vieira, do assentamento Canaã, no município de Pedras de Fogo, na Região Metropolitana de João Pessoa, viram na fabricação de polpas de frutas uma nova fonte de renda.
Há oito anos, Abraão, 40 anos, vendeu uma casa na zona urbana da cidade para comprar as primeiras máquinas da Paraíba Polpa de Frutas, que atualmente produz cerca de 25 toneladas de polpas por mês. A produção abastece prefeituras, hospitais, mercados, cooperativas, restaurantes e lanchonetes de Pedras de Fogo e de mais 25 municípios da Paraíba e de Pernambuco.
A agroindústria foi montada a partir da estrutura de uma casa que pertencia ao pai dos irmãos, Edilson Vieira, que foi modificada para abrigar salas de recepção, lavagem e higienização, processamento, envase e empacotamento, congelamento e escritório. Com o lucro das polpas, a família adquiriu um terreno atrás da casa.
O restante dos recursos para a implantação e o crescimento da agroindústria veio de empréstimos obtidos junto ao programa Empreender, do governo da Paraíba, ao Banco do Nordeste (BNB) e ao Sicredi.
Para oferecer um produto com qualidade e segurança alimentar, a família participou de cursos voltados à manipulação de alimentos, vendas e marketing oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
A Paraíba Polpa de Frutas tem registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e suas polpas têm o Selo Nacional da Agricultura Familiar (Senaf).
Servidores do Incra, incluindo o superintendente na Paraíba, Antônio Barbosa Filho, conheceram a iniciativa de sucesso dos irmãos do assentamento Canaã em fevereiro, quando estiveram no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pedras de Fogo para acolher as reivindicações dos representantes de assentamentos da região.
Aproveitando a produção
“A ideia surgiu porque nossa região tem bastante fruta e nós temos uma plantação de abacaxi. Além disso, na época, eu trabalhava na fábrica da Jeep e todos os dias eu passava na frente de uma fábrica de polpa de frutas”, contou Ezequias Vieira, que tem 32 anos.
A empresa é essencialmente familiar. Dos 12 empregados, seis são da família. Trabalham juntos os pais, os dois irmãos e suas esposas.
Além do abacaxi plantado no lote da família, a agroindústria processa maracujá, uva, goiaba, acerola, manga, abacaxi, umbu, cajá, mangaba produzidos por outras famílias assentadas em Canaã e em outros oito assentamentos da região.
O preço do quilo de polpa varia de acordo com a fruta: R$ 8 (acerola, goiaba, manga e abacaxi), R$10 (mangaba, graviola, uva, abacaxi com hortelã), R$13 (cajá) e R$20 (maracujá).
São até 25 toneladas de polpas processadas por mês, mas a fábrica tem capacidade para dobrar a produção. “Hoje temos uma capacidade bem maior do que a nossa produção. No momento, só conseguimos trabalhar com 50% da nossa capacidade, mas, no futuro podemos chegar a 50 toneladas mensais”, afirmou Ezequias.
Os irmãos assentados investem pensando no futuro. Sempre que adquirem equipamentos, calculam a capacidade de processamento a longo prazo, até 10 anos à frente. Por isso, eles já contam com três câmaras de congelamento e maquinário de grandes proporções.
Desafio é profissionalizar
Segundo Ezequias, o principal desafio da Paraíba Polpa de Frutas é dar uma aparência mais profissional às embalagens das polpas.
“As nossas embalagens ainda são muito simples, por questões financeiras. Isto se torna um problema quando pensamos em vender para alguns mercados mais exigentes. Precisamos dar a elas um padrão de mercado”, explicou Ezequias.
Segundo ele, a maior parte do lucro obtido com a agroindústria é reinvestido no negócio e empregado em ações para ampliar o mercado para as polpas.
“Nosso sonho é fazer a nossa marca crescer cada vez mais e assim podermos contribuir com a alimentação dos brasileiros”, disse Ezequias.
Assessoria
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