Deveria ser apenas uma palestra, como tantas outras, sobre “Mídia, Política e Direito”, um tema amplo, capaz de comportar variadas avaliações. Mas, a verdade foi que o empresário Roberto Cavalcanti surpreendeu com uma declaração inesperada, revelando que foi ameaçado por um secretário do governador Ricardo Coutinho (PSB), conforme o blog do jornalista Hélder Moura.
O painel foi aberto com explanações do professor David Campos Fernandes, diretor do CCTA (Centro de Comunicação, Turismo e Artes da UFPB) e o professor Josinaldo Malaquias.
Na sequência, durante sua apresentação, o empresário procurou traçar um paralelo histórico do Correio da Paraíba com Washington Post, com um corte no drama retratado pelo filme “The Post”.
O filme, como se sabe, traz o dilema do jornal americano para publicar uma série de reportagens sobre o escândalo da Guerra do Vietnã, e como foi duramente perseguido durante o Governo Nixon. Lembrou o empresário como sua empresa, o Correio, também enfrentou turbulências até maiores, em seus primórdios, e inclusive teve como saldo trágico assassinato de Paulo Brandão.
E, ao refletir sobre as dificuldades da imprensa para o livre exercício da expressão, Roberto lembrou como ao final do processo judicial que sofreu o Washington Post, a própria Justiça americana, quando absolveu a empresa, sinalizou quanto o papel da imprensa deve ser sempre o de “servir aos governados, nunca aos governantes”.
E, então, Roberto concluiu sua apresentação, revelando uma recente ligação telefônica que teria recebido de um secretário de Estado (não disse quem), que, num tom certamente pouco amistoso, advertiu: “Ao publicar essa notícia (não declinou qual) contra mim, você está destruindo a única ponte que tem com o governador.” Frase que até compôs um dos slides de sua apresentação.
Detalhe: a notícia teria sido publicada, mesmo com a ameaça. E, assim, Roberto concluiu sua apresentação, deixando muitas interrogações no ar.
Palestra – A palestra foi promovida pela APLJ (Academia Paraibana de Letras Jurídicas), realizada no auditório do Cejus (Centro de Estudos Jurídicos e Sociais). Os trabalhos foram conduzidos pelo jurista Ricardo Bezerra, presidente da APLJ.
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