Há algum tempo, Renato Portaluppi bate em uma tecla. Não é apenas uma avaliação sobre o Grêmio, mas uma constatação geral do futebol brasileiro. Faltam dribladores. Aqueles desmontadores de defesas, que vão para cima e criam espaço contra adversários fechados. O técnico falou sobre a situação após a vitória sobre o Defensor, do Uruguai, pela Libertadores, em conversa informal com jornalistas na beira do campo. E oTricolor foi buscar no mercado um jogador que pode ajudar a acabar com o problema: Marinho.
O clube gaúcho avança nas tratativas com o Changchun Yatai, da China, para contratar o atacante, com perspectivas até de ter um desfecho positivo já nesta quinta-feira. O presidente Romildo Bolzan Júnior, por sua vez, reluta em confirmar publicamente a negociação. O valor negociado é abaixo dos 5 milhões de euros pagos ao Vitória e gira próximo dos 3 milhões de euros (R$ 12 milhões), com detalhes como o método de pagamento ainda a ajustar antes do “sim” chinês. O presidente Romildo Bolzan, por sua vez, adota cautela e nega publicamente a tratativa.
– Não tem nenhuma avaliação deste jogador, nenhuma situação dele. Estar no banco de dados, sim, o Grêmio tem milhares de jogadores nos bancos de dados. Mas não passa a ser objeto da nossa situação de avaliação – disse o mandatário gremista.
Em um iminente retorno ao futebol brasileiro, Marinho retoma o cartaz dos tempos de Vitória, em que se notabilizou pelos gols e lances individuais no Brasileirão de 2016. Foi determinante na campanha contra o rebaixamento do Rubro-Negro baiano com essa característica. Por sinal, desde essa época já esteve na pauta gremista, embora o Changchun Yatai tenha feito uma proposta melhor e fechado a contratação de “Di Marinho”.
No bate-papo com jornalista ainda no mês de maio, Renato citou até mesmo a seleção brasileira ao afirmar que falta ao futebol tupiniquim, atualmente, jogadores com característica de drible. O técnico do Grêmio cita muito este expediente quando fala sobre as retrancas enfrentadas pelo Tricolor. Além da velocidade e habilidade, Marinho também chuta de média distância.
– Como se abre uma defesa adversária? Quando se tem um jogador com as características do Messi. No Brasil, você não vai encontrar. No momento em que dribla um adversário, obriga outro a sair na cobertura. A seleção brasileira não tem esse jogador por dentro. Por fora, tem o Neymar – disse o técnico após o empate sem gols com o Fluminense, na Arena.
No Vitória, Marinho atuava preferencialmente pelo lado direito. O que pode implicar, no Grêmio, em um recuo de Ramiro para a lateral, por exemplo, para ter um time mais ofensivo. Esta alteração é recorrente de Renato quando precisa furar retrancas no segundo tempo das partidas, com o ingresso habitual de Alisson.
Assim, o atacante é, no mínimo, uma alternativa – muito valiosa – a mais no banco de reservas, em especial após a saída de Maicosuel. Após desembarcar no começo do ano com um contrato de seis meses, o meia-atacante se despediu do Grêmio com uma contribuição irrisória ao time, seja como titular ou como reserva, sem engrenar em momento algum. Desde sua saída, o Tricolor busca alternativa para a posição.
O calendário também contribuiu com a necessidade gremista. O Tricolor precisa justamente de uma peça de agressividade, se não para o time titular, ao menos para o elenco, num segundo semestre que se avizinha com fases decisivas da Libertadores e da Copa do Brasil, além do Brasileirão. Atualmente, a equipe se beneficia do momento iluminado de Everton, artilheiro no ano com nove gols. Alisson é reposição imediata ao camisa 11, com o garoto Pepê também como opção.
Fruto das categorias de base do Fluminense, Marinho tem uma passagem até pelo maior rival gremista, o Inter, em momento de transição ao profissional, entre 2009 e 2010. Sem se firmar, o atacante rodou por Caxias, Goiás, Náutico, Ceará e Cruzeiro até deslanchar, de fato, pelo Vitória, em 2016. Naquele ano, o jogador disputou 43 partidas, com 21 gols marcados pelo Rubro-Negro, dos quais 12, pelo Brasileirão.
O rendimento o transformou em alvo de cobiça dos grandes clubes brasileiros, mas o Changchun Yatai fez a melhor proposta para contratá-lo. Entre 2017 e 2018, o jogador disputou 23 partidas em solo chinês, com três gols marcados.
Globoesporte
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