O PT anunciou na noite deste domingo que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad foi indicado candidato a vice-presidente na chapa liderada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial de 2018 e também um acordo com o PCdoB, que vai permitir a entrada de Manuela D’ Ávila na chapa.
Segundo nota divulgada no site do ex-presidente, “Haddad será o porta-voz de Lula até o trâmite final da homologação da candidatura Lula na Justiça Eleitoral”. Concluída essa etapa, segue a nota, “a ex-deputada Manuela D´Ávila assumirá a posição de vice na chapa, por indicação do PCdoB, que aprovou, também, uma coligação nacional com o PT”.
Estratégia
A estratégia do PT é levar o nome de Lula como candidato à Presidência da República até a Justiça Eleitoral decidir, com base na Lei da Ficha Limpa, se o ex-presidente, que está preso, poderá ou não disputar as eleições de 2018.
O acordo dá a entender, embora não esteja explícito, que Manuela será candidata a vice com qualquer desfecho da Justiça Eleitoral, ou seja, com ou sem Lula na corrida presidencial.
A deputada Manuela D´Ávila, porém, ainda não abriu mão oficialmente de sua candidatura à Presidência da República por seu partido. Isso pode ser feito nesta segunda-feira (6).
Pouco antes da meia-noite, lideranças do PT e do PCdoB fizeram um pronunciamento oficial no diretório nacional do PT, no Centro de São Paulo, anunciando Fernando Haddad e a coligação entre os partidos.
As legendas aprovaram o nome de Haddad e também a indicação de Manuela D´Ávila para compor a chapa quando terminar o trâmite da homologação da candidatura de Lula na Justiça Eleitoral.
“Decidimos conjuntamente, PT e PCdoB, de colocar, neste momento, como candidato a vice-presidente da República, para fazer a representação do presidente Lula durante esse processo tão logo se estabilize a situação dele”, afirmou a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, referindo-se a Haddad.
Durante a coletiva, Gleisi também anunciou que a candidata do PCdoB à Presidência da República, a deputada Manuela D´Avila, foi convidada por Lula para compor a chapa. “Quero dizer formalmente que o presidente Lula pediu para que eu convidasse o PCdoB para integrar a sua chapa a candidata à presidente da República, indicando e fazendo um convite formal a Manuela D´Ávila”, afirmou Gleisi.
De acordo com Gleisi, a nomeação de Haddad foi feita para garantir o registro da candidatura de Lula, respeitando o prazo definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e que o partido irá defender o direito de ter o ex-presidente liderando a chapa.
“O PT reitera que vamos com Lula até as últimas consequências. Por isso, a ideia é que tenha uma pessoa para vocalizar sua campanha e essa missão seria feita através de um companheiro do PT, que tenha identificação com Lula e que seja seu amigo. Então, decidimos junto com o PROS, PCdoB e PCO que o Fernando Haddad é o vice na nossa chapa”, disse Gleisi.
Em seguida, falou a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos. “Estamos construindo a unidade que foi possível construir no primeiro turno, com a participação e a liderança de Lula, e como bem disse já a nossa presidenta Gleisi, por uma circunstância objetiva, até que se defina as pendências legais desse processo todo, Fernando Haddad, é o porta-voz da candidatura do presidente Lula. Junto com a nossa querida Manuela D´Ávila, vai percorrer este país debatendo ideias”.
Luciana Santos confirmou que Manuela será, de fato, a candidata à Vice-Presidência na chapa com o PT. “Nessa relação que nós temos com o PT de 30 anos, o PCdoB ocupar a vice-presidência na chapa, para nós, nos honra muito”, afirmou.
Eis o texto do acordo publicado no site do ex-presidente Lula:
O Partido dos Trabalhadores anunciou na noite deste domingo (5) o coordenador do Plano Lula de Governo, Fernando Haddad, como vice na chapa de Lula na disputa presidencial. Ele será o porta-voz de Lula até o trâmite final da homologação da candidatura Lula na Justiça Eleitoral. Concluída essa etapa, a ex-deputada Manuela Davila assumirá a posição de vice na chapa, por indicação do PCdoB, que aprovou, também ontem, uma coligação nacional com o PT.
A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, explicou a estratégia definida pelo partido para representar Lula, preso político há quatro meses. “O presidente Lula pediu para fazer um pedido formal a Manuela para ser candidata a vice. Entendemos que a candidatura dela cumpriu um papel importantíssimo na construção da unidade que estamos tendo”, relatou Gleisi.
“Estivemos reunidos durante todo o dia para definirmos nossa tática eleitoral. Na avaliação optamos por uma estratégia que assegure a manifestação do presidente Lula como candidato a presidente e definimos que até a regularização da situação judicial do presidente a vocalização da sua campanha seria feita por um companheiro do PT, pela proximidade desse companheiro com o presidente, mas também pela identificação do partido com Lula”, explicou a presidenta, ao anunciar Fernando Haddad vice na chapa presidencial para fazer a representação de Lula durante esse processo até que sua situação legal seja normalizada.
“Quero exaltar a importância dessa unidade em torno da candidatura de Lula. Vivemos uma eleição anormal, o presidente Lula está ausente fisicamente do processo eleitoral, perseguido injustamente. Essa coligação inicia a caminhada vitoriosa para a eleição. Quero agradecer ao PCdoB, o PROS, que coligam conosco, ao apoio do PCO, e de importante setores do PSB que já se manifestaram a favor da candidatura de Lula”, ressaltou Gleisi.
A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, ressaltou a importância da aliança e do que ela representa no combate aos retrocessos impostos pelo golpe. “As eleições ganham uma dimensão extraordinária em um cenário de um golpe de estado. Por isso que nossas forças, com a responsabilidade que nós temos, nós precisamos reafirmar compromissos da retomada das conquistas.Nós estamos fazendo o desenho da frente que foi possível construir, entendendo a necessidade de um pacto das candidaturas de nosso campo. Nossa candidata viajou o país pregando a unidade, e vamos fazer aquilo que nós estávamos dispostos a fazer”, afirmou.
Fernando Haddad celebrou o acordo entre as frentes e reforçou o papel dessa unidade de resistência pela candidatura de Lula. “Essa resistência que estabelecemos nessa coligação vai ser muito importante. O que nos mantém unidos é a defesa incondicional do Lula, o maior líder político do Brasil. Estamos aqui unidos em torno dele mais uma vez. Vamos para o pentacampeonato”, declarou. “Com toda perseguição que o Lula sofre, ele só cresce. Estamos anunciando ao país uma grande aliança e tenho certeza que vamos compatibilizar nossos programas, que tem em comum os anseios da sociedade brasileira”.
Prazo
O TSE reafirmou que domingo (5) foi o prazo final para a escolha dos candidatos por meio das convenções partidárias, incluindo o candidato a vice-presidente.
Convenção
A candidatura de Lula foi oficializada no sábado (4), durante a convenção nacional do partido, na Liberdade, no Centro da capital paulista. Na ocasião, a legenda anunciou apenas o nome de Lula na disputa, sem revelar quem ocuparia a vaga de vice.
“Viemos aqui para votar no nosso candidato a presidente, Lula. Esse é um momento histórico. Lula é o nosso candidato a presidente da República”, disse Gleisi.
Em carta lida pelo ator Sérgio Mamberti, Lula diz que é a primeira vez em 38 anos que não participa de uma convenção nacional do partido. “Mas sei que estou presente em cada um de vocês”, disse.
“Nós tratamos a nossa gente como solução e por isso o Brasil mudou. Hoje a nossa democracia está ameaçada. Agora querem fazer uma eleição presidencial de cartas marcadas: excluir um nome que está à frente na preferência do eleitorado em todas as pesquisas. Já derrubaram uma presidenta eleita. Agora querem vetar o direito do povo de escolher livremente o próximo presidente”, diz trecho da carta.
Lula não participou da convenção porque está preso desde o começo de abril, condenado em segunda instância no caso do triplex em Guarujá, a 12 anos e um mês de prisão, o que, de acordo com a Lei da Ficha Limpa, o torna inelegível. A questão precisa ser decidida pelo TSE e só deve ser julgada depois do registro oficial, que ocorre até o dia 15 de agosto.
Participaram do evento lideranças do PT, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o candidato ao governo de São Paulo pelo partido, Luiz Marinho, o ex-ministro Celso Amorim, o senador Lindbergh Farias, entre outros.
Movimentos sociais e entidades sindicais também marcaram presença, como o MST, o MTST, CUT, Central dos Movimentos Populares, UNE, entre outros.
Em um momento da convenção, todas as pessoas presentes colocaram uma máscara com o rosto do ex-presidente Lula e gritaram em coro: “Eu sou Lula”.
G1
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