Na Paraíba, cerca de 518,1 mil famílias vivem em situação de extrema pobreza, com uma renda mensal por pessoa de até R$ 89, conforme dados do Cadastro Único do Ministério do Desenvolvimento Social. Nesta quarta-feira (17), é comemorado o Dia Internacional para Erradicação da Pobreza Extrema, um dos Objetivos de Desenvolvimento sustentável, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para ser atingido até o ano de 2030.
Segundo um documento temático de 2016 da ONU no Brasil, sobre erradicação da pobreza, um dos conceitos utilizados para determinar a condição de extrema pobreza se refere àquelas pessoas que vivem em uma situação de bem-estar que é inferior ao mínimo que a sociedade é moralmente obrigada a garantir.
De acordo com dados de um levantamento feito pela Tendências Consultoria, obtido pela Valor Econômico, cerca de 5,7 % das famílias no estado vivem abaixo da linha da pobreza.
O Decreto-Lei nº 399, de 1938, que regulamenta o salário mínimo, estabelece que o valor é determinado de acordo com as despesas diárias com alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte necessários à vida do de um trabalhador adulto.
É com base nesse decreto que o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) pesquisa mensalmente o preço da cesta básica em diferentes cidades do país. Em João Pessoa, a cesta custou R$ 328,99 em setembro deste ano.
Uma família que, por exemplo, é formada por quatro pessoas e vive em situação de extrema pobreza, com renda de R$ 89 per capita, tem uma renda total mensal de R$ 356, suficiente para arcar com o custo da cesta básica.
Segundo o Dieese, o custo deve incluir 4,5kg de carne, 6l de leite, 4,5kg de feijão, 3,6kg de arroz, 3kg de farinha, 12kg de legumes (tomate), 6kg de pão francês, 300g de café em pó, 90 unidades de frutas (banana) e 750g de óleo/banha e de manteiga.
Contudo, ao fim, a compra dessa cesta básica comprometeria 92,4 % da quantia disponível para que aquela família, com quatro pessoas, passasse o mês. Sobrariam, então, aproximadamente R$ 27, para cobrir outros gastos, como aluguel, caso a residência não seja própria, contas de luz e água, despesas com transporte, higiene, vestuário e saúde.
Já as famílias que se encaixam apenas na situação de pobreza somam 49,9 mil no estado, conforme números do Cadastro Único do Ministério do Desenvolvimento Social. Esses grupos têm uma renda mensal por pessoa que pode ir de R$ 89,01 até R$ 178.
Nessas condições, uma família com quatro membros, teria uma renda mensal total de R$ 712 e comprometeria aproximadamente 46,2% desse valor com a cesta básica. Essa família teria disponível, então, R$ 383,01 para arcar com os outros gastos.
Esses exemplos não têm nomes, idades ou rostos. São apenas parte de uma estatística, retirada do Visualizador de Dados Sociais do Governo Federal. Entretanto, esses números apontam para as realidades concretas de 518,1 mil famílias paraibanas: o desafio de passar o mês com R$ 89 e, talvez, auxílios governamentais ou de amigos.
Perspectiva positiva
No Brasil, a situação de extrema pobreza entre as famílias cresceu em quase todo o país, no período de 2014 a 2017, passando de 3,2% no primeiro ano para 4,8% no último ano pesquisado, de acordo com o levantamento feito pela Tendências Consultoria para a Valor Econômico. Na região Nordeste, esse aumento foi registrado de forma mais intensa.
Apesar disso, Tocantins e Paraíba foram os únicos estados em que foi observada, nesse período, uma queda da proporção de famílias vivendo em condições de pobreza extrema, o que pode estar relacionado à amostra utilizada para a pesquisa. Em 2014, esse percentual na Paraíba era de 6,4% e em 2017 passou a ser de 5,7%.
G1
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