Trecho da delação do dono da empreiteira Engevix, Antunes Sobrinho, cita suspeita de pagamento de propina para o presidente Michel Temer e para o amigo dele, coronel João Batista Lima Filho. A delação foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal.
A Polícia Federal descobriu que a empresa PDA Arquitetônica, do coronel João Baptista Lima Filho, não tem nenhum funcionário registrado, mas desde 1999 possui contratos milionários.
A PF concluiu que a PDA movimentou, entre 2009 e 2015, R$ 52 milhões. E identificou pagamentos ligados a empresários do setor portuário. Ainda segundo a PF, a pedido do coronel Lima e do então secretário de aviação civil, Moreira Franco, e com conhecimento de Michel Temer, o empresário José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, pagou R$ 1 milhão em propina.
Em delação à PF, Antunes Sobrinho contou ao delegado Cleyber Malta Lopes que foi procurado por Lima em 2010, para fazer uma parceria entre a Argeplan, empresa de Lima e a Engevix, para concorrer a uma licitação da Eletronuclear, num projeto da usina de Angra 3.
Em 2014, com o contrato já fechado, Lima disse a Antunes que ele deveria doar dinheiro para o então PMDB, partido de Temer.
O dono da Engevix contou que se encontrou duas vezes com o presidente Temer. E que numa das vezes Moreira Franco também estava junto. Foi quando surgiu o nome de Lima e Temer respondeu que ele era pessoa de confiança.
“Manifestamos ao vice-presidente que nós tínhamos uma ótima relação com o Lima, ele até aquiesceu dizendo que, muito bom que entrasse com o Lima qualquer assunto que seja necessário, sigam tratando com o Lima, deixou bem claro para mim de uma maneira insofismável e cristalina”, disse Antunes Sobrinho.
Antunes explicou que pediu a uma empresa de publicidade, que tinha ganhado uma licitação em Brasília, para fazer o pagamento de R$ 1 milhão na conta da PDA, empresa de Lima.
“Sem dúvida”, disse Antunes Sobrinho.
O delegado Cleyber Malta Lopes pediu ao STF a abertura de um novo inquérito para apurar esse pagamento de R$ 1 milhão a pedido do coronel Lima e do ministro Moreira Franco, com o conhecimento do presidente Michel Temer.
A defesa do presidente Michel Temer não quis se manifestar.
A defesa do ministro Moreira Franco declarou que, por enquanto, não vai se manifestar sobre o que classifica como inverdade e invenção. E que pretende tomar as medidas jurídicas necessárias tão logo conheça os termos da delação.
A defesa da Argeplan e da PDA declarou que vai se manifestar nos autos do inquérito. E que as operações das duas empresas foram absolutamente regulares.
O advogado de João Batista Lima Filho e de Maria Rita Fratezi também declarou que os dois só vão se manifestar nos autos do inquérito.
O MDB não quis comentar.
Não conseguimos contato com a Eletronuclear.
G1
Discussion about this post