O talento embaixo das traves é proporcional à personalidade forte dentro e fora de campo. Em 15 meses de Flamengo, Diego Alves viveu uma gangorra de emoções. Altos e baixos marcaram até aqui a trajetória do goleiro, que tem contrato até 2020, mas o futuro indefinido.
Contratação de impacto no meio do ano passado, Diego Alves trouxe grandes defesas, teve falhas esporádicas, passou por grave lesão e polêmicas. A última delas coloca seu futuro com a camisa rubro-negra em xeque. Ao se recusar a viajar no último sábado para Curitiba ao saber que ficaria no banco contra o Paraná, o goleiro pode ter colocado um ponto final em sua história no Flamengo.
Embora a diretoria reitere que ele tem contrato e está à disposição de Dorival Junior, o ambiente interno não é favorável ao goleiro. Hoje, ele é reserva, e o cenário mais provável é que deixe o clube na virada do ano. A indisciplina e o retorno sem demonstrar arrependimentos pesam contra o goleiro. Embora ainda haja jogos pela frente nesta temporada, uma eleição na Gávea e razões e circunstâncias diversas, hoje parece improvável Diego Alves emplacar 2019 no Rubro-Negro.
Não é novidade na carreira de Diego Alves se indispor com o banco de reservas. Em 2013, no Valencia, o goleiro não aceitou ser barrado pelo técnico interino Nico Estévez e contestou a decisão. Segundo a imprensa espanhola, o brasileiro gritou com o treinador, gerou um grande mal-estar e foi multado. No ano passado, um dos motivos em que decidiu voltar ao Brasil foi o fato de não ter a titularidade assegurada no clube europeu.
Traços de liderança e opiniões divididas
Com traços de liderança que ficaram evidentes desde a chegada ao Flamengo, Diego Alves ganhou a torcida com a boa forma chegando após as primeiras partidas, mas também pela postura de capitão sem faixa dentro e fora de campo.
O jogador tem personalidade forte e, embora seja reconhecido como líder nato por isso – com influência e audiência nos demais líderes do elenco -, ele divide opiniões num grupo naturalmente heterogêneo de jogadores.
Diego Alves geralmente é mais sério, calado e não costuma andar em grupos, como é comum entre jogadores. Há o grupo dos gringos, os “crias” da base, outro dos mais experientes. Alves não tem inimizades, longe disso, mas há resistência ao jeitão que às vezes aparenta mau humor, misturado com certa “marra”, como dizem os boleiros.
– Vocês veem os caras lá na Europa fazendo e querem fazer tudo igual né? – disse, em certa ocasião, quando avistou os garotos da base tentando repetir vídeo de Cristiano Ronaldo de chutar bolas em sequência no travessão.
Esta postura que incomoda alguns atletas faz parte do modo Diego Alves de ser. Em entrevistas coletivas e zonas mistas, o goleiro é observador ao ouvir as perguntas e costuma corrigir ou rebater o que considera incorreto.
No famoso episódio do café arremessado em torcedores de organizada – no aeroporto do Galeão -, Diego Alves mostrou irritação ao ser questionado sobre o tema em coletiva no Ninho. Desviou do assunto e não respondeu a repórter na entrevista coletiva.
Chegada para ”salvar a pátria”
A chegada de Diego Alves foi festejada e trouxe alívio ao torcedor do Flamengo. Muralha vinha questionado e colecionando falhas. Substituto, Thiago também não passava a confiança necessária para ser o titular da posição.
Em uma operação onde pesou a vontade do jogador de atuar no clube, o Rubro-Negro acertou a contratação junto ao Valencia. Sob enorme expectativa, o goleiro ”se apresentou” em vídeo ao vivo reproduzido pelo Flamengo em suas redes sociais.
Diego Alves estreou no fim de julho do ano passado, no empate em 1 a 1 diante do Corinthians, em São Paulo. O goleiro não pode atuar na Copa do Brasil de 2017, pois não estava inscrito, e viu do lado de fora do campo o Rubro-Negro perder na final para o Cruzeiro, após disputa de pênaltis – Muralha era o titular na decisão do Mineirão. No jogo de ida, no Maracanã, o gol da equipe mineira foi marcado por uma falha do goleiro Thiago.
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