O jornalista Ivandro Oliveira, que é diretor de Conteúdo do Tá na Área, em mais uma análise sobre o cenário nacional avalia o anúncio do juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça e Segurança de Jair Bolsonaro, presidente eleito no último domingo (28). Em seu escrito, Ivandro descreve Sérgio Moro como alguém que comandou até aqui a maior investigação de combate à corrupção da história do Brasil, escancarando para o Brasil e o mundo as entranhas de uma estrutura podre e carcomida de anos e anos de impunidade. “Foi sob a sua batuta que procuradores e policiais federais levaram a cabo sucessivas operações que desarticularam verdadeiras quadrilhas e que colocaram atrás das grades saqueadores da coisa pública e criminosos de colarinho branco, inclusive um ex-presidente da República.”
Confira, na íntegra, o artigo:
Somos todos Sérgio Moro
Por Ivandro Oliveira
Os brasileiros que amam o país em que vivem e torcem pelo futuro das novas gerações estão em júbilo com o anúncio do juiz federal Sérgio Moro no Ministro da Segurança e da Justiça no governo de Jair Bolsonaro. No país em que se tornou comum a ideia de que o crime compensa e que a ladroagem é endêmica desde o desembarque, no Rio de Janeiro, da Coroa portuguesa, o fato é extraordinariamente emblemático só não alcançado pelos que não mais estão entre os vivos ou aqueles doutrinariamente adestrados pelo ideologismo mais inconsequente.
Símbolo da luta contra a corrupção, Sérgio Moro comandou até aqui a maior investigação de combate à corrupção da história do Brasil, escancarando para o Brasil e o mundo as entranhas de uma estrutura podre e carcomida de anos e anos de impunidade. Foi sob a sua batuta que procuradores e policiais federais levaram a cabo sucessivas operações que desarticularam verdadeiras quadrilhas e que colocaram atrás das grades saqueadores da coisa pública e criminosos de colarinho branco, inclusive um ex-presidente da República.
Em meio aos questionamentos legítimos sobre eventuais excessos, especialmente no uso de prisões preventivas no processo para conseguir acordos de delação premiada, quando réus confessam os crimes e aceitam colaborar com as investigações em troca de penas menores, a verdade é que Operação Lava Jato e o juiz Sérgio Moro estão para o combate à corrupção como Sócrates à filosofia. A sua escolha para o Ministério da Segurança e Justiça é mais que acertada e pode ser encarada como um ´cartão de visita’ de um governo, mesmo sem começar, acaba de marcar um golaço.
Mais que qualquer outra coisa, é o indicio concreto de que Bolsonaro deve ser implacável contra a corrupção e a mais eloquente demonstração de que a complacência com o banditismo e o crime organizado no país estão com os dias contados.
Quem não pensa assim age na contramão da história e cede ao fanatismo ideológico mais torpe, praticado por aquele tipo de gente que mesmo sem gostar do síndico onde mora não se contenta em criticá-lo para quem sabe colocá-lo para fora, porque torce mesmo para o edifício cair, o que é incompreensível. Pior que isso é acreditar que a maior investigação de combate à corrupção, que recuperou quase R$ 25 bilhões roubados por bandidos fantasiados de políticos, foi uma grande armação apenas para atentar contra o PT, tirar Dilma do poder e prender Lula para não voltar a ser Presidente da República.
Tal devaneio é sem precedentes, porque, como bem acentua Brecht, ‘pobre do país que precisa de heróis’, cuja frase discordo por acreditar que o verdadeiro problema não é tê-los, mas trocá-los por vilões, vide o exemplo de Macunaíma, aquele sem caráter e altamente perigoso. Sem qualquer demérito aos militantes e ‘viúvas do lulismo’, prefiro acreditar que nosso verdadeiro herói brasileiro resolveu assumir uma missão ainda mais espinhosa em 2019, a de combater com todos os meios possíveis e até impossíveis um crime cada vez mais organizado, e capaz de planos cada vez mais audaciosos contra o país e o seu povo.
É por isso que a sua, a minha e a nossa torcida devem ser para que Moro repita no Ministério da Justiça seu desempenho na condução da Lava Jato, operação em que exemplarmente esteve na linha de frente no combate à corrupção. É chegada a hora de enfrentar o crime organizado, de reduzir siglas como o PCC a más lembranças de um Brasil governado por bandidos fantasiados de políticos.
Quando o filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955) afirmou que “o homem é o homem e a sua circunstância”, buscou considerar que, num mundo em perpétuo movimento e transformação, o ser humano só pode ser entendido como sujeito ativo, à medida que se analisa simultaneamente tudo ao seu redor, inclusive o corpo físico desse ator, mergulhado em determinado momento histórico. Esse é, acredito, sem meias verdades ou mentiras completas, o sentido da ida do juiz Sergio Moro para o Ministério da Justiça, uma missão amparada por um bem maior, que é consolidar os avanços da Lava Jato e avançar contra o crime organizado, problemas extremamente preocupantes no nosso país, assim como a defesa do fortalecimento da própria democracia, pressuposto da luta contra a corrupção.
Fica a torcida, a esperança e o desejo de boa sorte, porque, no final das contas, somos todos Sérgio Moro!
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