Um dos maiores desafios dos concurseiros é conseguir planejar uma rotina de estudo que seja capaz de cumprir. Esse impasse acontece porque há um equívoco nas premissas para preencher os horários e também no entendimento da disponibilidade de energia para aprender. As consequências negativas impactam diretamente na confiança e na sensação de competência do candidato, ameaçando todo o projeto de se tornar servidor público.
Quando a preparação depende diretamente do candidato, a montagem da grade de estudos precisa – necessariamente – respeitar todos os papéis que desempenha na vida, e não só contemplar as horas dedicadas às disciplinas cobradas nas provas. Por essa razão que o modelo escolar, tão conhecido no tempo de estudante e tão usado entre os concurseiros, é inflexível demais e “eterno” demais para funcionar como deveria.
Outro aspecto de extrema importância é o entendimento de que o entusiasmo do momento de planejamento é bastante diferente da execução do cronograma. Sendo assim, não basta contabilizar só as horas disponíveis e preenchê-las em sua totalidade, mas ponderar a capacidade emocional e mental de entrega para o aprendizado.
Não se trata de incapacidade intelectual ou de força de vontade, mas de condicionamento do corpo e da mente. O mais recomendado é ir modelando o comportamento, ou seja, definir uma dedicação em que se tem certeza de que irá cumprir até que se torne “fácil” e ir aumentando o compromisso semana a semana até atingir o patamar desejado.
Confira o passo a passo para montar uma rotina de estudos que realmente funciona:
Passo 1 – Estabelecer os parâmetros e as premissas
Cada rotina de estudo é única e individual. Por essa razão, é imprescindível começar o planejamento estabelecendo os critérios a serem respeitados. Regras como tempo médio de deslocamento e de cuidados pessoais (alimentação, higiene, sono) precisam ser listados, da mesma forma que atividade física (frequência e duração) e, se houver, atividade religiosa. O tempo dedicado à família e aos amigos e as lacunas para o descanso também são identificados nessa etapa.
O objetivo é saber sobre as próprias necessidades para manter a harmonia e o equilíbrio, fatores determinantes para a agenda funcionar nos casos de dedicação prolongada, como é a de um concurseiro. Depois de listadas as ações, será possível ter uma percepção mais realista do tempo disponível para os estudos dentro do contexto em que se está no momento específico.
Passo 2 – Determine o dia do planejamento
Uma boa rotina de estudos é formada pela grade de horários ideal – que funciona sob as regras e contempla as semanas em que nada de diferente acontece – e a grade de horários realista, adaptada semanalmente e confirmada todos os dias. Na prática, funciona assim: há um quadro de referência que funciona como diretriz, que é aplicado e flexibilizado conforme a disponibilidade naquele período de tempo.
Com essa atitude, o candidato tem a oportunidade de antecipar ou adiar os momentos de estudo conforme as demandas pontuais – o aniversário de um amigo, uma viagem a trabalho – sem prejudicar a dedicação e o empenho ao projeto de ser aprovado. Evitando, também, a possibilidade de frustração, de ansiedade e de sentimento de culpa.
Passo 3 – Criando a grade de horários ideal
A grade de horários ideal é montada a partir do preenchimento da tabela semanal, seguindo as premissas pré-estabelecidas no primeiro passo e respeitando a ordem: compromissos inegociáveis (trabalho, faculdade, por exemplo), atividades de cuidados pessoais (alimentação, higiene, sono), deslocamentos (trânsito), momentos de planejamento e momentos de estudo (em cursos ou individual). Ao contrário do que a maioria faz – e erra –, as horas disponíveis para estudar são o último quesito e não o primeiro, definido arbitrariamente.
Passo 4 – Criando a grade de horários realista
A cada semana, preferencialmente na sexta ou na segunda-feira, a grade de horários ideal é passada a limpo, ou seja, adequada para os próximos sete dias e adaptada para os compromissos e atividades específicas do período. Para torná-la ainda mais eficiente, é recomendada uma nova checagem diária ou para os três dias seguintes, para garantir que a programação esteja sob controle.
Passo 5 – Estabeleça metas alcançáveis
Todo concurseiro que se mantém consciente da sua preparação estabelece metas para gerenciar melhor o tempo e o fluxo de conteúdos aprendidos. Seja definindo horas dedicadas ou quantidade de tópicos estudados, é importante também ser flexível com o desenho dos objetivos.
Dito isso, as metas precisam ser tríplices, o que quer dizer que há um patamar mínimo que garanta o entendimento de que o compromisso está sendo mantido; outro objetivo – alinhado com a grade de horários ideal – é, ainda, o de superação. Para finalizar, é importante definir, para cada um, uma recompensa proporcional criando mais motivação e entusiasmo para o estudo.
Passo 6 – Faça os ajustes necessários
Todo planejamento pressupõe ajustes e adaptações, e não seria diferente para uma rotina de estudos. Ao longo das primeiras duas semanas de execução dos passos apresentados aqui, é importante anotar o que funcionou e o que deixou a desejar e pode ser aperfeiçoado. A autocrítica sensata ajuda na adaptação do que se imaginou para o contexto mais realista e, por consequência, mais eficiente. É provável que esse ciclo se repita algumas vezes até que as grades fiquem bem ajustadas.
Seguindo esses passos simples, o concurseiro aumenta sua clareza sobre o tempo que demanda para suas atividades diárias e se torna mais capaz de gerenciar e de negociar consigo mesmo o cumprimento dos seu plano de ação. O resultado são metas alcançadas, mais tranquilidade e mais segurança para o longo período de preparação.
Com Métropoles
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