Em artigo ao Tá na Área, o jornalista Ivandro Oliveira, Diretor de Conteúdo do portal, comenta o lamentável episódi em que foi vítima a advogada Myrian Gadelha, agredida covardemente pelo seu namorado, o prefeito do PSB de Sousa, Fábio Tyrone. Confira:
Violência, cinismo e complacência: onde estão os defensores das mulheres e das minorias?
Por Ivandro Oliveira
O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons. A frase atribuída a Martin Luther King, pastor batista e um dos principais líderes do movimento negro na luta contra a discriminação racial nos Estados Unidos, é lapidar e ilustra a trajetória de quem sempre foi um devotado das causas sociais e que nunca mediu esforços para ir além de suas próprias causas. Em tempos de forte ativismo, muitos dos quais inspirados em líderes como King, é absolutamente estranho o silêncio ensurdecedor de movimentos feministas, órgãos públicos e lideranças políticas, intimamente engajados em causas do gênero, com o fatídico e deprimente episódio da agressão perpetrada pelo prefeito de Sousa, Fábio Tayrone, do PSB, contra a advogada Myriam Gadelha.
O gestor socialista da cidade sorriso, em ato tresloucado, vil e com requintes de crueldade, justamente no dia em que convalescia de mais um aniversário de morte de sua mãe Aline, após trancá-la em um quarto, agrediu a jovem, que também é órfã de pai, com chutes, soco e xingamentos, atitude típica dos covardes, mas, sobretudo, de quem tem a mais absoluta certeza que está imune e ficará impune a tudo isso.
Tyrone tem contado até aqui com o silêncio de alguns dos movimentos intitulados ‘defensores das mulheres e das minorias’, inclusive de parlamentares aos quais possuem forte vinculação. Não à toa, e isso pode ser a causa, é que tais parlamentares e movimentos são vinculados ou seus representantes estão filiados ao mesmo partido do infeliz agressor, aliado político e filiado ao partido do atual governador Ricardo Coutinho.
Aliás, não é de todo estranho o posicionamento silente de parlamentares, como Estela Bezerra, Cida Ramos, tampouco Gilberta Soares, pasmem, Secretaria de Mulheres, e demais entidades e até órgãos do governo estadual, uma vez que a ex-primeira dama, Pâmela Bório, já foi vítima desse mesmo mal, quando, dentro da Granja Santana, residência oficial do Governo do Estado, foi covardemente agredida, segundo relatos públicos.
A omissão sobressalente nesse lastimável episódio revela um certo padrão seletivo de nossas lideranças políticas e de parte da própria sociedade. Ontem mesmo, por meio de notas e pronunciamentos, governador, secretários, parlamentares, movimentos e até a mídia oficial e oficiosa se revezaram na condenação dos autores do infame atentado sofrido por trabalhadores ligados ao Movimento dos Sem Terra. E aqui, é bom que se frise, não estamos a censurar o gesto, mas apenas realçar que a mão que afaga um também deve levar conforto à vítima do outro vergonho fato.
Em meio ao contrassenso entre quem silencia diante de uma agressão praticada por um aliado político e agita mãos e vozes na direção de algozes de suas cômodas e peculiares causas, não há duvidas de que um fosso de cinismo separa uma da outra atitude, o que é ultrajante e altamente inóspito para quem está ou acolá. Lamentável!
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