Os ataques criminosos que atingem o Ceará continuam pela 6ª noite seguida. Da madrugada de segunda-feira (7) para terça-feira (8), ônibus foram incendiados na capital e nos municípios de Maranguape e Aracati, na Grande Fortaleza. Desde quarta-feira (2), ocorreram 157 ações contra coletivos, prédios públicos, comércios e agências bancária no estado.
Em Fortaleza, dois ônibus foram incendiados na Grande Messejana na noite de segunda-feira (7). O primeiro caso aconteceu por volta das 21h, no Bairro Pedras. Já o segundo caso foi às 22h, na Rua Joaquim Machado, no Bairro Parque Itamary. Não informações sobre feridos.
Na cidade Maranguape, Região Metropolitana de Fortaleza, um micro-ônibus que fazia a linha Pau Serrado/Tabatinga foi incendiado durante a noite, na rodovia CE-065. Por conta do incêndio, o trânsito no local ficou congestionado. De acordo com a Polícia Militar, os suspeitos fugiram.
Já em Aracati, um ônibus também foi incendiado próximo à rodoviária do município, localizada na Rua Coronel Alexandrino, na noite desta segunda. O incêndio teve início por volta das 23h. De acordo com o Corpo de Bombeiros, populares perceberam o fogo no veículo e acionaram o socorro. O ônibus ficou destruído.
Por conta dos ataques contra ônibus ocorridos na Capital, empresas de transporte urbano recolheram os coletivos durante a madrugada desta terça-feira. O Sindiônibus havia informado, na noite de segunda, que a frota de ônibus de Fortaleza deve circular com 100% dos veículos desde as primeiras horas da manhã desta terça.
Em todo o Ceará, ocorreram 157 ataques nos últimos sete dias. A Força Nacional foi chamada para reforçar a segurança e começou a atuar nas ruas na noite de sábado (5). Na segunda, lojas foram fechadas na Grande Fortaleza após ameaça de criminosos, e o governo do Ceará anunciou que mais 200 agentes da tropa federalchegarão ao estado.
Em resposta aos crimes, um dos chefes de uma facção criminosa foi transferido para um presídio federal. Dezenove detentos também devem ser levados para outras unidades prisionais nos próximos dias.
Motivação dos ataques
De acordo com o secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, a nomeação do novo secretário de Administração Penitenciária do estado, Luís Mauro Albuquerque, provocou a onda de ataques. Segundo André Costa, “a criminalidade já conhecia o trabalho” do novo gestor da pasta que administra os presídios do Ceará.
A sequência de ações criminosas ocorreu após uma fala de Mauro Albuquerque, que prometeu fiscalizar com mais rigor a entrada de celulares nos presídios. Desde o início da onda de crimes, agentes penitenciários apreenderam 407 aparelhos em presídios.
De acordo com uma fonte do Serviço de Inteligência da Secretaria da Segurança ouvida pelo G1, membros de duas facções rivais fizeram um “pacto de união”, com o objetivo de “concentrar as forças contra o Estado”. Em pichações em prédios públicos de Fortaleza, criminosos escreveram que “não vão parar até o secretário sair”. “Fora Mauro Albuquerque”, diz a mensagem.
População sem ônibus e comércio fechado
Um dos alvos dos ataques são os ônibus do transporte público da Grande Fortaleza; 20 veículos foram destruídos com material inflamável. Para reduzir o prejuízo, o sindicato retirou os ônibus das ruas.
“Ônibus não tem em prateleira. Você precisa encomendar. Então você tem toda uma série de prejuízos com falta destes ônibus para poder manter o nosso desempenho operacional nas ruas”, afirma Dimas Barreira, presidente do Sindicato das Empresas de Ônibus.
Sem transporte público, o comércio teve forte queda nas vendas. Em plena alta estação, bares e restaurantes fecharam mais cedo em Fortaleza. “A gente ainda tentou esticar um pouquinho mais, mas os clientes mesmo foram embora com medo do que está acontecendo aí”, diz Flávio Renan Barros, dono de restaurante.
“Pensamos até em não sair hoje pro evento que a gente tinha se programado há algum tempo. A sensação é de insegurança”, diz a turista Mônica Lima.
Na noite de sábado, as ruas mais movimentadas de Fortaleza estiveram com pouco fluxo de veículos e pessoas. Com medo de novos ataques e sem opção de utilizar os ônibus, a maior parte da população preferiu ficar em casa.
G1
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