Embora chateado com a passagem sem sucesso pelo Corinthians, o atacante Jonathas diz não guardar mágoas e afirma que se tornou torcedor do clube.
Devolvido ao Hannover seis meses antes do previsto, Jonathas atendeu o GloboEsporte.com minutos antes de embarcar para a Alemanha e explicou a saída do Corinthians. Segundo o jogador, ele concordou em deixar o Timão porque percebeu que não teria oportunidades em 2019 e por não querer “roubar” o clube.
O roubo em questão seria o cumprimento do contrato de empréstimo até o fim, em junho, recebendo alto salário, mas sem entrar em campo.
– Eu poderia muito bem ter ficado sem jogar, sem fazer nada, mas não sou assim – comentou.
Contratado no meio do ano passado, Jonathas disputou apenas nove jogos com a camisa alvinegra e marcou um gol.
Atrapalhado por lesões, o atacante também lamenta ter enfrentado problemas pessoais, como o atropelamento de sua irmã.
Nesta entrevista, Jonathas fala sobre a relação com a diretoria, manda um recado para a Fiel torcida e conta o que planeja para o futuro. Veja abaixo:
Como você avalia sua passagem pelo Corinthians e com qual sentimento deixa o clube?
– Eu poderia ficar aqui falando até amanhã dos empecilhos, tudo o que aconteceu e os motivos que me levaram a não atuar bem, não jogar o futebol que eu sei. Poderia ficar até amanhã. Mas agora é vida que segue. Aconteceram coisas comigo, tanto no lado profissional como no pessoal que fizeram com que não desse certo, mas isso não serve de desculpa. É bola para frente.
Você se refere aos problemas que mencionou na entrevista que concedeu em dezembro?
– Sim. Teve também minha lesão que não me deixou atuar muito, mostrar aquilo que eu sei. Agora acabou, mas aprendi, foi um aprendizado enorme para mim. Além disso, quando eu cheguei todo mundo me abraçou, os torcedores, no clube também, os jogadores… Saio do Corinthians deixando amigos. Também o presidente, os diretores, todos agiram bem, são pessoas do bem, profissionais. Por isso o Corinthians merece estar no topo sempre, porque tem muitos profissionais e muitos que sabem levar, ainda mais na situação em que eu estava.
Foi uma saída amigável?
– Nunca fui mal tratado lá dentro, as pessoas foram corretas comigo, do presidente ao pessoal da cozinha. Dos jogadores nem se fala… Saio deixando amigos e torcendo para cada um, para que tenham um 2019 fantástico.
Você elogiou o presidente e os diretores do clube. Como foi a conversa com eles sobre a sua volta ao Hannover?
– Essa conversa não teve. Mas o fato de o clube ter feito contratações (para o ataque), de eu não ter jogado essas duas partidas (jogo-treino contra o Nacional e amistoso contra o Santos) eu já sabia que não teria chances. Eu voltei em janeiro pensando em dar a volta por cima, tinha quase três anos que não fazia pré-temporada. Pude voltar a fazer pré-temporada e estava muito confiante, com muita vontade de dar a volta por cima, mas isso não aconteceu. Agora vou voltar para o meu clube lá e trabalhar pra ajudá-los. Quero retomar o futebol que eu não apresento desde a Rússia [Jonathas defendeu o Rubin Kazan entre 2016 e 2017].
Mas você não pensou em dar a volta por cima no Corinthians? Ainda tinha mais seis meses de contrato…
– Dava para dar a volta por cima, é lógico, mas quando a gente começa a treinar e vê que está fora dos planos… É normal que o jogador queira jogar, estar sempre se sentindo importante. E eu não estava. Muito torcedor fala sobre roubar o time. Eu poderia muito bem ter ficado sem jogar, sem fazer nada, mas não sou assim. Quero estar bem, jogando. Fiquei mal por não ter triunfado no Corinthians, ter feito o que eu queria. A lesão me tirou dos treinos e dos jogos.
O Carille te avisou que não contava com você?
– O jogador sabe. Não teve conversa, mas a gente sabe quando está fora dos planos e quando estão contando com a gente. Até fiquei uma semana, foi passando o tempo… E aí fiquei fora dos jogos, até dos treinamentos (coletivos) e fui vendo que era hora de voltar à Alemanha, de jogar, e pegar um ritmo que eu não tenho há bastante tempo.
Cumprir o contrato até o fim seria “roubar” o Corinthians?
– Eu poderia muito bem fazer isso. Alguns jogadores no meu lugar ficariam tranquilos, treinando num clube como o Corinthians, às vezes nem treinando ou indo para os jogos e não entrando. Mas eu não sou assim, quero ir para os jogos. Abri mão de muita coisa lá fora para voltar ao Brasil e jogar, mas infelizmente não deu certo. Agora tenho a possibilidade de voltar à Alemanha, para o clube que me comprou e confiou em mim. Espero corresponder.
Quais são os seus planos para o futuro?
– Eu tenho contrato com o Hannover até 2020 e pretendo cumprir. O time não está numa posição boa [é o penúltimo colocado], mas creio que vou trabalhar, um dia de cada vez, não adianta atropelar as coisas. Agora é trabalhar, estar sempre em campo, sem lesão, sem nada e ajudar os companheiros.
Qual recado deixa para o torcedor do Corinthians?
– Essa torcida é fantástica. Vou levar o torcedor corintiano para sempre. Nos momentos difíceis eles estão sempre com o time. Mas é aquele negócio, a gente tenta fazer o máximo quando entra em campo, mas tem momentos que não dá certo por vários motivos. Alguns torcedores não sabem, e eu creio que eles não estão errados em cobrar, mas desde que seja com respeito. Algumas mensagens que recebo no Instagram me deixam triste. Penso que a torcida do Corinthians é muito grande para ter torcedores agindo assim, com falta de respeito. Essas pessoas mais atrapalham do que ajudam, isso vai influenciando, toca a parte familiar. Mesmo assim, quando eu cheguei todo mundo me falava que a torcida do Corinthians era diferente, e eu vi que realmente é magnifica. Agradeço o carinho de todos. Vou estar fora, mas agora me sinto corintiano, vou torcer para o clube voltar para onde não deveria ter saído nunca: o topo. Vou estar torcendo e vibrando pelo sucesso do clube.
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