O ex-ministro Antonio Palocci, delator da Operação Lava Jato, relatou entregas de dinheiro em espécie, de propina paga pela Odebrecht, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Também se recorda que, dos recursos em espécie recebidos da ODEBRECHT e retirados por Branislav Kontic, levou em oportunidades diversas cerca de trinta, quarenta, cinqüenta e oitenta mil reais em espécie para o próprio Lula”, diz um trecho da delação.
As informações estão no termo de colaboração número 5 da primeira delação fechada por Palocci com a Polícia Federal de Curitiba, que foi homologada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). O depoimento foi anexado na quinta-feira (17), ao inquérito da PF sobre a Usina de Belo Monte.
Ao ser questionado sobre a existência de testemunhas das entregas de dinheiro a Lula, Palocci afirmou que entregou R$ 50 mil ao ex-presidente, dentro de uma caixa de celular, no Terminal da Aeronáutica em Brasília (DF), durante a campanha de 2010, em frente ao motorista do ex-ministro, chamado Cláudio Gouveia.
“Em São Paulo, recorda-se de episódio de quando levou dinheiro em espécie a Lula dentro de caixa de whisky até o Aeroporto de Congonhas, sendo que no caminho até o local recebeu constantes chamadas telefônicas de Lula cobrando a entrega”, diz um trecho da delação.
Segundo Palocci, a cobrança do ex-presidente, a caminho do aeroporto, foi presenciada pelo motorista Carlos Pocente, que, inclusive, brincou, perguntando se toda aquela cobrança de Lula era apenas pela garrafa de whisky.
Em resposta, Palocci disse que “era óbvio que a insistência de Lula não era por bebida, e sim pelo dinheiro; que o motorista afirmou ao colaborador que estava brincando e que sabia que se tratava de dinheiro em espécie”.
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