As ações da gigante americana de alimentos Kraft Heinz — que tem o grupo 3G, do bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann, entre seus controladores — desabaram 27,46% nesta sexta-feira em Nova York. Isso significou uma queda de US$ 16,13 bilhões no valor de mercado da empresa. O tombo acabou afetando até outra empresa controlada pelo 3G: as ações da Anheuser-Busch InBev caíram 3,6% na Europa.
Antes mesmo da abertura da Bolsa, os papéis registraram um tombo de 21%. Na véspera, a empresa havia informado que era alvo de uma investigação da Securities and Exchange Commission (SEC, órgão que regula o mercado de capitais nos EUA), por questões relacionadas a suas práticas contábeis. A Kraft Heinz divulgou ainda ter feito uma baixa contábil de US$ 15,4 bilhões no valor de suas marcas mais conhecidas: a Kraft, de queijos, e a Oscar Meyer, de carnes.
A empresa revelou ter recebido, em outubro do ano passado, uma intimação da SEC para dar explicações sobre suas políticas contábeis e de controles internos, especialmente na área de compras. Informou ter aberto uma investigação interna depois da intimação e ressaltou estar cooperando com a SEC.
“No quarto trimestre de 2018, em consequência dos resultados dessa investigação, a empresa registrou um aumento de US$ 25 milhões nos custos dos produtos vendidos”, informou a companhia em nota. Ela acrescentou que está aprimorando seus controles internos, a fim de evitar novos problemas.
A Kraft Heinz ressaltou ainda que a investigação não deve ter efeitos materiais nos resultados do trimestre corrente ou posterior.
John Baumgartner, analista do banco Wells Fargo, apontou ao jornal britânico Financial Times a falta de detalhes sobre a intimação.
Outros analistas se concentraram na baixa contábil feita pela empresa, que, segundo eles, indicaria o reconhecimento de que as mudanças no gosto dos consumidores estão prejudicando alguns de seus produtos mais famosos, como o ketchup Heinz e o cream cheese Philadelphia.
— Há anos os investidores vêm se perguntando se o modelo da 3G, focado em um extremo corte de custos, poderia levar à erosão do valor das marcas — disse à Reuters Ken Goldman, analista do banco JPMorgan. — Acho que temos nossa resposta.
No último trimestre de 2018, a empresa teve um prejuízo líquido de US$ 12,6 bilhões. Em teleconferência com analistas, seu diretor executivo, Bernardo Hees, disse que toda a indústria de alimentos embalados continuará a enfrentar desafios, como a crescente popularidade das marcas próprias e os altos custos das matérias-primas.
A Kraft Heinz é controlada pelo 3G e a Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett.
Fonte: O Globo
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