A delegada Luciana Fuschini, da Polícia Federal (PF) de Santos, no litoral de São Paulo, ouviu, nesta terça-feira (26), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sorbe a ocupação do Condomínio Solaris e do apartamento de cobertura triplex, em abril de 2018. Segundo a defesa de Lula, o ex-presidente negou ter incitado a ocupação.
À época, aproximadamente 50 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo ocuparam o triplex após invadir o edifício, localizado na orla da Praia das Astúrias, em Santos.
O imóvel é atribuído ao ex-presidente, condenado em segunda instância por receber propina da construtora OAS por meio de reformas no local. Lula sempre negou a acusação.
Conforme a RPC apurou, o depoimento do ex-presidente começou às 10h, na Superintendência Regional de Polícia Federal no Paraná, em Curitiba, onde Lula está preso, e durou cerca de 10 minutos. O inquérito corre sob sigilo.
“Ela [delegada] queria saber se o ex-presidente tinha incitado a ocupação do imóvel. Ele disse que não. Queria saber se ele tinha conversado com o pessoal do MTST ou com o Boulos depois daquele dia que ele falou na praça. E ele disse não também. Ela também perguntou o que ele quis dizer quando disse ‘O apartamento é meu, pode ocupar’. Foi força de expressão, em um discurso que demorou mais de meia hora. Esse trecho não tem seis segundos. Foi força de expressão em um momento em que ele estava indignado com a condenação pelo Tribunal Regional Federal”, disse o advogado de Lula, Manoel Caetano Ferreira, na saída.
A ocupação
A ocupação no condomínio e no triplex ocorreu em 16 de abril do ano passado, nove dias depois de Lula se entregar à PF para cumprir a condenação na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex.
“O barulho era muito grande, havia uma algazarra. A gente realmente estranha, pois eles querem respeito, mas não respeitam a gente”, comentou, à época, o morador da cobertura ao lado, o médico Mauricy Magário, de 58 anos.
Os ocupantes permaneceram no apartamento por cerca de quatro horas e saíram dele após negociação com policiais militares.
A delegada Luciana Fuschini abriu, então, inquérito no mesmo dia por “esbulho possessório”, quando há uma invasão violenta feita por um grupo a um bem. O caso é atribuição da Polícia Federal porque o triplex foi confiscado pela Justiça durante as investigações da Operação Lava Jato.
À época, os advogados dos dois movimentos se apresentaram na delegacia da Polícia Federal, mas não indicaram os envolvidos no ato.
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