O presidente Jair Bolsonaro retomou as transmissões ao vivo em sua página no Facebook, expediente utilizado com frequência durante a campanha eleitoral, na noite desta quinta-feira (7). Foi sua primeira manifestação após a repercussão negativa da declaração dada em um evento militar, no Rio de Janeiro, em que afirmou que “democracia só existe se as Forças Armadas quiserem” e também após publicação de vídeo obsceno.
Após se justificar, defendeu brevemente a reforma da Previdência, atacou a imprensa por reportagem que ele considera contra o governo e afirmou ainda que o país não terá mais lombadas eletrônicas em suas vias.
— Há uma quantidade enorme (de lombadas eletrônicas) no Brasil. É quase impossível viajar sem receber multa. E a gente sabe, ou desconfia, que o objetivo não é reduzir acidente — disse.
Segundo ele, os equipamentos que estão em funcionamento serão mantidos até o final dos contratos. Também afirmou que não será permitido às concessionárias de rodovias utilizarem valores que deveriam, por contrato, serem direcionados à manutenção para a instalação de lombadas.
O presidente também informou que o projeto já anunciado para aumentar o período de validade da carteira de motorista de cinco para 10 anos está em fase final de elaboração, no Ministério da Infraestrutura.
Ao comentar a declaração sobre democracia e o papel das Forças Armadas, Bolsonaro recorreu ao principal conselheiro de seu governo, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que esteve ao seu lado no vídeo transmitido do Palácio do Planalto. Ele questionou o militar se sua fala “estaria em um caminho errado” e obteve essa resposta.
— Não, claro que não. Não tem nada de polêmico. Ao contrário, foram palavras ditas de improviso (…) colocadas para aqueles que amam a sua pátria, que vivem diariamente a manutenção da democracia e liberdade — asseverou Heleno.
O general citou os casos de Cuba e Venezuela, que possuem regimes classificados como ditaduras e encontram nas Forças Armadas o esteio para sua manutenção.
Ao retomar a palavra, Bolsonaro iniciou sua defesa da reforma da Previdência, afirmando que os militares serão incluídos nas modificações, mas “respeitando as especificidades” do serviço. Ele afirmou que o principal objetivo é combater privilégios e, apesar da soberania do Parlamento, espera que a reforma “não seja muito desidratada”.
Críticas à imprensa
A reportagem que aponta aumento de 16% no uso do cartão corporativo de servidores ligados à Presidência nos dois primeiros meses de governo, em relação aos primeiros bimestres dos últimos quatro anos, divulgada pelo jornal Estado de São Paulo, foi criticada pelo general Augusto Heleno.
Segundo ele, o aumento ocorreu devido ao período da posse presidencial e a necessidade de preparar a cerimônia no Palácio do Planalto.
— No global (envolvendo cartões usados em ministérios), baixou 28%. A imprensa pegou aquela parte negativa e divulgou — completou Bolsonaro.
A transmissão, que ainda contou com a presença do porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros, foi encerrada com uma mensagem às brasileiras. Ao mandar um abraço à mãe, Dona Olinda, fez alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta sexta-feira (8).
Ele não comentou as críticas feitas pelo oposição e por aliados devido à postagem de um vídeo obsceno em sua conta no Twitter na segunda-feira (4) de Carnaval.
NSC
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