Quase 10 meses depois da aproximação virtual, o encontro. Elogiado pelas redes sociais por Pelé durante a conquista da Copa do Mundo de 2018, o jovem craque francês Mbappé teve a oportunidade de estar lado a lado com o Rei do Futebol nesta terça-feira, em evento de marca de relógio patrocinadora de ambos.
Sentados em confortáveis poltronas, os dois trocaram elogios em português e francês, com o auxílio de tradução, após serem apresentados atrás das cortinas, como numa peça de teatro. Pelé, principalmente, estava bem à vontade, e brincou com Mbappé:
– O estilo dele, o tipo de jogo, é latino, praticamente brasileiro. Eu falo para ele: “Pena que não jogou no Santos”. No meu caso, tudo começou muito cedo. Na minha época não tinha a informação que temos hoje na TV. Meu pai fez cinco gols de cabeça num jogo só. Ele era artilheiro, e o máximo que eu queria ser quando garoto era ser como meu pai. É o que eu via naquela época. Agora, nos tempos de hoje, você tem a TV, o meio de comunicação é muito maior, tem mais jogadores para ver. Na nossa infância a gente não tinha, por isso eu queria ser igual ao meu pai.
Antes, um descreveu o outro:
Ele (Mbappé) é um jogador inteligente, rápido. E imprevisível. A grande vantagem dele são as mudanças no jogo. Tem vários jogadores que são bons tecnicamente, mas não são imprevisíveis como ele – disse Pelé.
– O futebol me ajudou a realizar sonhos. A lenda sempre foi Pelé, encontrá-lo era um sonho. Eu admirava a qualidade que ele tinha para finalizar as jogadas, a elegância. Sempre me inspirei nele – resumiu Mbappé.
Pelé também foi perguntado se teria algum conselho a dar a Mbappé, 58 anos mais novo. O brasileiro pediu para o francês não se descuidar da parte física.
– Acho que de conselho não precisa mais, pois é bem preparado. Mas na nossa posição, o meu pai sempre me falava que jogar bem é um dom de Deus. Mas se você não estiver preparado fisicamente, você não vai conseguir mostrar aquele dom. O que acho que o jogador precisa é se cuidar na parte física, saúde. Ela é que faz você chegar longe.
Mbappé, também confortável, foi questionado se conseguiria alcançar a marca de gols de Pelé (o Rei do Futebol respondeu que o seu recorde é de 1.235 gols, embora registros apontem 1.281 gols contabilizando jogos não-oficiais).
– É possível se contar Playstation, treinos… – disse o francês, arrancando gargalhadas da plateia.
Veja outros trechos do bate-papo:
O futebol ficou diferente?
Pelé: tem alguns países que mudaram um pouco a maneira de jogar. O tipo de futebol que a gente tinha era um pouco mais aberto, não era marcação cerrada como ultimamente. O futebol ficou mais difícil para jogar, mais agressivo. Está mais difícil principalmente para o atacante, com esse futebol bem de pressão, marcação. Essa foi a grande diferença de alguns anos atrás.
Seleção de 1970
Pelé: Não é porque fiz parte dela, não. Acho que foi a seleção mais completa, pois quase todos os 11 jogadores eram de bom nível. A de 70 do Brasil acho que foi a melhor.
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