Bolsonaro, o gesto e a ‘tapa de luva’ nos governadores nordestinos
Por Ivandro Oliveira
A vida é feita de sonhos, desejos, atitudes e gestos, sobretudo. Um gesto pode transformar dissensos em consensos, antagonismos em sinonismos e até guerra em paz. A visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao Nordeste, região considerada uma das mais pobres do país, mas, também, a que abriga um verdadeiro cinturão vermelho de uma tal ‘resistência’ ao ocupante da cadeira principal do Palácio do Alvorada, é daqueles gestos que representa a disposição de quem resolveu distribuir rosas a quem só tem oferecido espinhos.
A primeira viagem do presidente Jair Bolsonaro ao Nordeste é um gesto de grandeza, típico de quem diz quando um não quer, dois não brigam. Mais que isso, na sua passagem pela região, Bolsonaro quer transmitir aos nordestinos que não pode, por mais que os governadores se esforcem, abrir uma guerra política para prejudicar a população. “O homem mais sofrido do Brasil está na Região Nordeste. Vamos mergulhar para resolver muitos problemas do Nordeste”, afirmou, ontem, em entrevista à imprensa, por ocasião de reunião com a bancada parlamentar da região.
De forma irônica, o presidente que defende o armamento como instrumento de defesa pessoal, desarma-se para encontrar adversários políticos, que teimam estender o clima beligerante da última campanha eleitoral como uma espécie de ‘rinha de galo’, só porque não admitem o resultado eleitoral que destronou a era ‘lulopetista’. Não à toa, combinado ou não, políticos nordestinos, a exemplo do senador Humberto Costa, do PT, inflam uma campanha virtual de oposição, pasmem, a primeira visita do novo presidente da República à região . “Estamos em 21/05. Desde que assumiu o governo, Bolsonaro já foi à Suiça, ao Chile, a Israel e 2 X aos EUA. Jamais botou os pés no Nordeste, onde foi derrotado nas eleições. Agora, com sua gestão ruindo, ele quer ir lá. A gente só tem a dizer: #NordesteCancelaBolsonaro #AquiNão”, escreveu o parlamentar no Twitter.
Em meio a tantos problemas e uma crise que urge adoção de medidas saneadoras, nunca foi tão necessária a união de todos em prol dos reais interesses do país. Para isso, mais que palavras ao vento, é preciso vontade, disposição e, especialmente, atitude.
Não adianta apenas Bolsonaro hastear a bandeira branca se os governadores nordestinos continuarem a fazer ‘biquinho’ em nome da tal ‘resistência’. Do que adianta a crítica à reforma da previdência se nenhuma proposta ou projeto alternativo é apresentado? Do que serve o pedido por mais segurança à região se não apóia o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública)?
O que o Nordeste e os nordestinos esperam de seus governantes não é um apoio político à reeleição hipotética de Jair Bolsonaro, mas o mínimo de entendimento para que a região consiga com o restante do país resolver problemas, superar impasses, enfrentar os desafios e retomar o crescimento. E se toda mudança passa por uma mudança de comportamento, espera-se que os governadores nordestinos mudem os seus e retribuam o gesto do presidente da República, pelo bem da região, do país e do próprio povo.
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