A ex-secretária Livânia Farias, que voltou a depor aos membros da Força Tarefa à frente da Operação Calvário e liderada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), teria revelado mais detalhes do esquema criminoso que teria vertido para corrupção cifras milionárias por meio de contratos fraudulentos com Organizações Sociais (OS), a exemplo da Cruz Vermelha gaúcha, responsável pela administração do Hospital de Trauma, na Capital. Mais que isso, Livânia teria avançado sobre esquema similar na educação, cuja volume de recursos seria infinitamente maior que os da saúde.
As informações de Livânia foram cruzadas com os dados já fornecidos pela ex-assessora Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro, que também já estaria colaborando com a Força Tarefa, detalha Helder Moura, em seu blog. Além disso, as investigações estariam contando com o reforço de um grupo especializado contra crimes de corrupção e lavagem de dinheiro da Policia Federal.
Na apuração paralela feita pelo periscópio do Tá na Área, Livânia teria detalhado como o esquema funcionaria na educação e acrescentado como outras organizações sociais atuavam na Paraíba.
Não só isso, segundo apurou o portal, além do mapa estratégico das operações fraudulentas, a ex-auxiliar dos governos Ricardo Coutinho e João Azevedo, ambos do PSB, teria revelado nomes de servidores, empresários e personalidades ilustres da cena política e social do estado.
Operação – A Calvário, no Estado da Paraíba, investiga núcleos de uma organização criminosa comandada por Daniel Gomes da Silva, que é responsável por desvio de recursos públicos, corrupção, lavagem de dinheiro e peculato, através de contratos firmados junto a unidades de saúde do Estado, com valores chegando a R$ 1,1 bilhão, possuindo atuação em outras unidades da federação, e exemplo do Rio de Janeiro. O trabalho investigativo do Ministério Público é conduzido pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Mudanças no governo – O governador João Azevêdo (PSB) precisou fazer mudanças no governo mais rápido do que ele esperava. Ao todo, foram seis mudanças desde a posse, cinco meses atrás. O maior motivador das mudanças foi justamente a operação Calvário, desencadeada pelo Ministério Público da Paraíba. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) investiga supostos pagamentos a agentes públicos do Estado, feitos pela Cruz Vermelha Brasileira filial Rio Grande do Sul. As mudanças ocorreram no primeiro escalão e também nos cargos de assessoramento. As primeiras ocorreram na Secretaria de Administração, primeiro com a saída do assessor Leandro Nunes Azevedo e depois com a então titular da pasta, Livânia Farias.
O cargo de Livânia foi assumido interinamente por Jacqueline Fernandes Gusmão, executiva da pasta. Tanto Livânia quanto Leandro são acusados de ter recebido dinheiro de propina pago pela Cruz Vermelha. No mesmo sentido, foram feitas mudanças na Procuradoria-Geral do Estado e na Secretaria de Planejamento e Gestão, com as saídas de Gilberto Carneiro e Waldson de Souza, respectivamente. Eles foram substituídos por Fábio Andrade e Gilmar Martins. Este último deixou o comando da Controladoria Geral do Estado e, para o lugar dele, foi nomeado Letácio Tenório Guedes Júnior. Gilmar, vale ressaltar, é um nome de confiança de João Azevêdo. Ele comandou a equipe de transição.
Houve mudança, também, na Secretaria de Saúde do Estado. De lá saiu Cláudia Veras para dar lugar a Geraldo Antônio de Medeiros. A ex-titular da Saúde passou a exercer o cargo de Secretária de Estado do Desenvolvimento e da Articulação Municipal. Mesmo não havendo denúncias contra Veras, a Saúde é área sensível por causa das investigações do Gaeco. Outra que não tem relação direta com a operação é Amanda Rodrigues, que deixou primeiro o Empreender e, no fim de semana, pediu exoneração da Secretaria de Finanças. Para o lugar dela, foi escolhido para responder na condição de interino o atual secretário Executivo da pasta, Mário Sérgio de Freitas Lins Pedrosa.
As mudanças ocorrem também em relação a alvos da operação que não exercem cargos de ponta. Trata-se dos servidores da Procuradoria-Geral do Estado, Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro e Geo Luiz de Sousa Fontes. A primeira foi presa na quarta fase da operação Calvário. Já Geo foi alvo de busca e apreensão na mesma etapa da investigação.
Discussion about this post